Cesare Battisti fica isolado na prisão e acumula derrotas na Justiça italiana

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Desde que retornou à Itália, Cesare Battisti acumula derrotas na Justiça, admite culpa pela primeira vez e reconhece que a luta armada foi um erro. Aliado a isto, continua se dedicando ao ofício de escritor, atividade que adotou após abandonar as armas.

 

Battisti está isolado em um presídio de segurança máxima na ilha da Sardenha e não parece ter um futuro promissor.

 

Conforme seu advogado italiano, Davide Steccanella, o italiano precisa esperar “dois ou três anos” para então solicitar uma eventual progressão da pena de prisão perpétua, entretanto, para o advogado as chances de eventual progressão de pena são escassas, muito devido ao histórico da fuga por tanto tempo.

 

O italiano ficou foragido da Justiça de seu país de 1981 até 14 de janeiro de 2019, quando retornou preso após viver no México, na França e no Brasil, sendo condenado por quatro homicídios cometidos no final dos anos 1970.

 

Em seu primeiro ano, a defesa de Battisti não obteve sucesso nos dois pedidos ofertados à Justiça visando converter a prisão perpétua numa pena de 30 anos, como prevê o acordo de extradição brasileiro decidido pelo Supremo Tribunal Federal em 2009.

 

A Suprema Corte italiana declarou “inadmissível”, em novembro, o recurso apresentado pela defesa por considerar inválido o acordo de extradição com o Brasil uma vez que Battisti fugiu do país e foi expulso da Bolívia.

 

O advogado minimiza a decisão da Suprema Corte Italiana, afirmando que “Para alguém de 65 anos, não muda se pegar 30 anos ou a prisão perpétua”. 

 

Pela lei Italiana, o direito à progressão da pena depende de muitos fatores. Um deles é que os condenados à prisão perpétua devem cumprir pelo menos dez anos para poder requisitar a revisão da pena. Entretanto, Steccanella quer usar o tempo que ele passou detido no Brasil (mais de quatro anos) e na Itália (entre 1979 e 1981) para diminuir o lapso de tempo.

 

Paralelamente, o defensor espera que as autoridades liberem Cesare Battisti para poder conversar com o filho brasileiro por Skype, tendo o pedido sido apresentado recentemente e no aguardo de deliberação. Ele prefere que a criança o veja, o que considera menos traumático para ela.

 

Em audiência realizada em março com um juiz, Battisti admitiu pela primeira vez participação nos assassinatos. Steccanella não comenta se a confissão faz parte de uma estratégia de defesa. Meses mais tarde, em setembro, o ex-terrorista divulgou uma carta aos ex-companheiros de armas reconhecendo que a “luta armada não valeu a pena”.

 

Um dos efeitos do seu retorno à Itália foi o reenvio por parte de Roma de um pedido para o governo francês extraditar 13 italianos condenados por terrorismo.

 

Eles estão refugiados há décadas no país, como aconteceu com Battisti. Entre os que permanecem na França estão nomes como Marina Petrella, condenada à prisão perpétua por participação no sequestro e assassinato do ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro, em 1978.

 

O procurador aposentado Armando Spataro é pessimista quanto à possibilidade de novas extradições. Ex-chefe do departamento antiterrorismo da Procuradoria de Milão e responsável pela investigação que condenou Battisti pela primeira vez, ainda em 1979, ele se aposentou dias antes do fugitivo desembarcar na Itália.

 

Fonte: UOL

Ezyle Rodrigues de Oliveira
Ezyle Rodrigues de Oliveira
Produtora de conte

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