Marketing Jurídico: Dicas e Limitações Legais

Data:

Respeitando o provimento da OAB, é possível fazer campanhas de marketing offline e digital com bons resultados para profissionais liberais e escritórios

Marketing Jurídico - Dicas e Limitações Legais
Créditos: Photo Mix / Pixabay

Cativar o cliente é primordial a todas as profissões e, quando se trata da atuação de advogados, o marketing jurídico pode auxiliar com a missão, gerando resultados lucrativos para ambas as partes.

Diz-se “jurídico”, pois o marketing destinado para advogados e escritórios de advocacia deve respeitar o Código de Ética e Disciplina (CED), em seu capítulo dedicado à Publicidade Profissional, regulamentado a partir do Provimento 94/2000. Uma mudança neste provimento está em curso para adaptar a publicidade aos meios digitais, mas a discussão da OAB está pausada em função da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), no entanto, se espera que o projeto de alteração deste Provimento ocorra no mês de abril deste ano.

Conhecendo bem as determinações e restrições da norma em vigor atualmente, os profissionais poderão superar os obstáculos e entender e atender às necessidades de seus clientes. 

O que é permitido

  • Publicidade de caráter meramente informativo, com discrição e sobriedade;
  • Fins exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos;
  • Patrocínio de eventos ou publicações de caráter científico ou cultural;
  • Divulgação de boletins com circulação para clientes e interessados do meio jurídico;
  • A telefonia e a internet podem ser utilizadas, desde que não ofereçam serviços.

O que não é permitido

  • Captação de clientela ou mercantilização da profissão;
  • Propaganda em rádio, cinema e televisão, outdoors, painéis luminosos, muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer espaço público;
  • Divulgação de serviços de advocacia juntamente com a de outras atividades ou a indicação de vínculos entre atividades;
  • Fornecimento de dados de contato (apenas e-mail é permitido);
  • Mala direta, distribuição de panfletos ou formas assemelhadas;
  • Responder consultas sobre matéria jurídica nos meios de comunicação;
  • Debater causa sob responsabilidade de outro advogado.

Dicas para fazer marketing jurídico

Enquanto o provimento não é alterado, a indicação é conferir o Código de Ética e Disciplina (CED) vigente e agir em conformidade com as normas. 

Como é possível notar, o principal impedimento é contra a autopromoção do profissional, e não quanto ao fornecimento de informações. Desde que respeitada a limitação, o marketing jurídico pode - e deve - ser aplicado ao universo do direito. Saiba como fazer: 

Comece com um planejamento

O planejamento estratégico é estrutural para as ações de marketing e, portanto, para se destacar no disputado mercado.

Faça uma análise para entender, de forma ampla, como as pessoas se comunicam, onde elas vão, quais informações elas buscam e onde buscam. Com os desdobramentos da pandemia, o direito trabalhista, digital e civil são tendência para 2021.

Vá afunilando a análise de acordo com o seu público-alvo. Instintivamente e de acordo com a experiência, o advogado já sabe qual é o seu perfil de cliente, mas é preciso entendê-lo ainda mais para resolver as dores apresentadas de forma clara e simples. 

Saiba também o que os seus colegas de profissão andam fazendo. Isso pode trazer ideias para o seu planejamento, orientando o seu plano para sanar as lacunas do mercado. 

Conheça as ferramentas

Cumprido os passos anteriores, é o momento de definir as ferramentas utilizadas. 

Cada uma delas exigirá distintas mensagens, soluções, investimento, metas e objetivos adequados para a realidade do advogado em questão. Um profissional da área pode auxiliar com uma consultoria para essa ou as demais etapas.

Resumidamente, o marketing jurídico pode ser dividido em offline e digital: 

  • Marketing Jurídico Offline: é tudo aquilo que o advogado faz fora da Internet, desde uma simples entrega de cartão para um potencial cliente até a participação em uma palestra universitária ou a publicação de um artigo autoral em revistas do segmento. 
  • Marketing Jurídico Digital: ele é composto pelas ações de marketing realizadas na Rede Mundial de Computadores, ou seja, nos meios digitais. Nos últimos anos, com a popularização do acesso aos meios digitais, a opção tem superado o marketing offline. 

Apostar em um planejamento que combina as estratégias offline e digital é o modelo mais indicado pelos especialistas atualmente. 

Estabeleça um cronograma

Estabelecer um cronograma é obrigatório para que a estratégia ofereça consistência ao público-alvo. Porém, não atenha-se a ele: mudanças são permitidas. 

O cronograma deve ser realista, levando em consideração o tempo de dedicação do profissional e a expectativa do público-alvo. Afinal, as ações de marketing exigem atenção. 

Caso haja uma exceção, quando, por exemplo, for identificado um assunto novo, relevante para o cliente e com curto prazo de duração, é perfeitamente aceitável mudar os planos, reprogramando o cronograma para incluir a novidade. 

No entanto, de forma geral, a recomendação é evitar desvios frequentes. Comprometa-se e entregue o que foi prometido no prazo correto. 

Faça a mensuração dos resultados

A análise de resultados permite medir e avaliar o desempenho das ações de marketing realizadas, sendo ideal para identificar erros e acertos, corrigir falhas, otimizar as campanhas e tomar decisões mais inteligentes.

Existem muitas métricas para mensuração de resultados. É preciso avaliar a mais adequada de acordo com as estratégias que estão sendo implementadas, entretanto, as métricas de receita e vendas, como o retorno sobre investimento (ROI), custo de aquisição por cliente (CAC), ticket médio e valor do tempo de vida do cliente (LTV) são as mais comuns. 

Marketing de conteúdo para advogados

O marketing de conteúdo é uma das estratégias de marketing digital que vai ao encontro do Código de Ética e Disciplina da OAB, porque consiste em uma estratégia focada na criação e distribuição de conteúdo online relevante para atrair clientes qualificados, sem promover explicitamente o advogado ou o escritório de advocacia em que ele atua. 

O conteúdo pode ser oferecido ao público-alvo em diversos formatos. São exemplos: blog, redes sociais, newsletter, WhatsApp, Telegram, podcasts, e-books (livros eletrônicos), entre outros, sempre respondendo às dores identificadas no planejamento inicial. 

A qualidade, relevância e a profundidade do conteúdo - com uma linguagem acessível - é a chave para se diferenciar da concorrência. Além disso, o conteúdo deve ser otimizado para SEO (Search Engine Optimization), adaptado para cada formato e é essencial incentivar o compartilhamento (de acordo com as limitações da OAB).

Desenvolver e aplicar estratégias de marketing jurídico - sejam offline ou digitais - requer planejamento e disponibilidade. Apesar do dia a dia atribulado, se o advogado ou escritório de advocacia não se dedicar em cativar o cliente, a falta de cuidado com a reputação vai abrir espaço para a concorrência. 

Quer ficar por dentro de todas as novidades do mercado jurídico e saber mais sobre o advogado e a tecnologia? Então, confira as tendências para o mercado jurídico em 2021.

*Artigo escrito em co-autoria com Carolina Peres

Marketing Jurídica - Dicas e Limitações Legais
Créditos: 377053 / Pixabay

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

TJDFT condena homem por furto de celular em troca de serviços sexuais

A 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) manteve, por unanimidade, a decisão que condenou um homem a um mês de detenção pelo furto de um aparelho celular de outro homem para o qual teria prestado serviços sexuais.

Justiça condena pastor por estupro de vulnerável em Bauru

A 2ª Vara Criminal de Bauru proferiu uma decisão condenando um pastor evangélico pelo crime de estupro de vulnerável, praticado contra uma adolescente menor de 14 anos. A pena estabelecida foi de 20 anos de reclusão, em regime inicial fechado.

Compensação entre gratificação de função e horas extras é válida, entende 3ª Turma do TST

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) validou uma norma coletiva que previa a compensação do valor recebido por um bancário a título de gratificação de função com horas extras reconhecidas em ação trabalhista. Segundo o colegiado, a gratificação tem natureza salarial, e eventual ajuste sobre a parcela é possível, desde que feito por meio de convenção ou acordo coletivo, como no caso em questão.

TST determina desocupação de casa cedida a vaqueiro durante contrato de trabalho

A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) acolheu o recurso de um fazendeiro de Corinto (MG) e determinou a desocupação de um imóvel cedido a um vaqueiro em comodato durante o contrato de trabalho. A decisão considerou a previsão expressa no contrato de trabalho, estabelecendo que o imóvel seria devolvido ao fim do contrato ou em caso de afastamento previdenciário.