Segundo o relatório, há um complexo arranjo que envolve codinomes e mensagens cifradas no sistema de informações que organizava pagamentos ilícitos
Na última sexta-feira, 23/02, a Polícia Federal divulgou relatório que revela em detalhes o modus operandi do sistema de informação que organizava pagamentos realizados fora da contabilidade oficial da Odebrecht. Nos arquivos acessados, há um emaranhado de codinomes e mensagens cifradas de difícil compreensão, que ainda vem sendo apurado por peritos.
Gestão minuciosa das informações sobre propina
O sistema em questão levava o nome de MyWebDay e era utilizado pelo departamento de estruturas da empresa, que de forma não oficial operacionalizava pagamentos ilegais, sendo considerado pela força tarefa da Lava-Jato um grande departamento de propina.
Para que fique claro o nível de profissionalização do MyWebDay, podemos citar como exemplo a seguinte mensagem cifrada: “FUCUNVLVHDSIFHCD”, que seria um anagrama de “BENEFICIARY BANK”, segundo o relatório da PF. Podemos citar ainda o termo “25VBQA”, que faria referência ao beneficiário de propinas “Beluga”.
Queima de arquivo
A partir da avaliação de especialistas em tecnologia da informação, levantaram-se evidências que muitos arquivos foram apagados dias depois da prisão de Marcelo Odebrecht.
Somado a esse problema, a polícia ainda encontra dificuldades para acessar parte significativa dos arquivos, que segue protegida por criptografia. Representantes da empresa alegam que não possuem as chaves dos arquivos e, portanto, não podem contribuir com as investigações.
Caso Lula
Essa última incursão no sistema de propinas da Odebrecht foi motivada por suspeitas de que um terreno do Instituo Lula teria sido pago pela empresa em troco de benefícios em contratos firmados com a Petrobras. De acordo com os registros apurados, haveria acontecido o repasse de recursos para a aquisição do terreno e de um apartamento em São Bernardo do Campo.
Repasses esses associados ao codinome “BELUGA”, que, em tese, seria o ex-presidente Lula. A esse respeito as investigações ainda são inconclusivas, pois não há provas, apenas evidências, de que o ex-presidente seria chamado por esse nome no sistema de propinas.
Fonte: Portal UOL