Tenho trabalhado a dinâmica das investigações e do processo penal pela teoria dos jogos. Hoje, rapidamente, quero colocar o problema dos desertores.
Arrependidos de ambos os lados. O gerenciamento dos aliados/oponentes é sempre sensível. Um aliado de hoje pode ser o delator formal ou informal de amanhã. O jogo da delação/colaboração premiada bem demostra.
O gerenciamento dos aliados é sempre sensível. A existência de agentes infiltrados de modo informal, a venda de informações e o (possível) vazamento de elementos relevantes sempre deve ser monitorada. Além o que podem existir agentes duplos. Não é filme de espionagem, mas jogo de interesses (manifestos e latentes).
Em operações com grandes somas de dinheiro ou sensíveis, não se preocupar com isso é ingênuo. Além do mais, as pessoas podem se sentir preteridas, prejudicadas pelas mais diversas razões (inveja, carreira, holofotes, etc.), modificar a compreensão sobre os limites que a operação está tomando e simplesmente debandar/desertar (ficando ou rompendo).
A existência de defenestrações com informação relevante é algo que tocaia toda investigação (acusatória ou defensiva).
A chantagem e a ameaça ostensivas ou subliminar operam no ambiente do jogo processual e investigatório. Compõem táticas coordenadas/combinadas para obtenção de cooperação.
O foco será sempre descobrir e explorar os pontos fracos dos oponentes. Enfraquecidos ou exauridos, os oponentes têm a tendência de cooperação ou recuar.
Os desertores estão aí, agindo sem que sejam descobertos. Alguns esperam uma “proposta indecente” para mudar de lado. Eis o espetáculo que estamos assistindo. Todo cuidado é pouco.