Quais são os direitos e deveres do cidadão?

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    Mestre

    A participação ativa na política é uma manifestação essencial da cidadania. Curiosamente, as palavras “política” e “cidadania” compartilham origens etimológicas similares: “política” deriva do termo grego “pólis”, que significa cidade, e “cidadania” provém do latim “civitas”, que também se traduz como cidade.

    Na antiguidade, tanto para gregos quanto para romanos, a política era intrinsecamente ligada ao contexto urbano, o espaço onde os cidadãos se reuniam para debater questões sociais. Contudo, a compreensão de cidadania não é unânime, especialmente no que tange à sua associação com a participação política. Então, quais seriam os direitos e deveres inerentes ao cidadão?

    Cidadania e educação política

    Frequentemente, a cidadania é percebida apenas sob a ótica de condutas educadas ou iniciativas filantrópicas. Ações como evitar o descarte de lixo em vias públicas, obedecer a sinalizações de trânsito, e não ocupar indevidamente vagas reservadas a pessoas com deficiência ou idosos são extremamente importantes para a harmonia social e merecem ser incentivadas. No entanto, a essência da cidadania transcende essas práticas, sendo fundamentalmente ligada à participação política.

    Jorge Maranhão, do Instituto de Cultura e Cidadania, propõe uma interpretação da cidadania em diferentes estágios, que se desenvolvem conforme o nível de educação política dos indivíduos. Segundo ele, existem três gerações de cidadania, cada uma vinculada a distintos tipos de direitos, refletindo a evolução na compreensão do papel do cidadão:

    1ª geração: cidadania expressa através de direitos sociais, filantropia, moralidade religiosa e assistencialismo;
    2ª geração: cidadania representada por direitos civis, civilidade, urbanidade e sustentabilidade;
    3ª geração: cidadania caracterizada pela expressão de direitos e deveres políticos, fiscalização do poder público, governança e orçamentos, justiça e segurança.

    E quais são os direitos do cidadão?

    “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação às outras com espírito de fraternidade.” (Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 1º.

    Os direitos civis englobam as garantias de liberdades individuais, liberdade de expressão, igualdade perante a lei e segurança. No Brasil, estes estão assegurados no artigo 5º da Constituição.

    Os direitos políticos, por sua vez, relacionam-se com o sistema político e a democracia, incluindo o direito de votar e ser votado, a confidencialidade do voto e a formação de partidos políticos. Estes estão elencados nos artigos 14 e 17 da Constituição.

    Os direitos sociais abarcam questões como educação, saúde, moradia, previdência social, assistência aos desfavorecidos, proteção à infância e aos idosos, e estão previstos no artigo 6º da Constituição.

    Historicamente, esses direitos não emergiram simultaneamente. Os direitos civis se firmaram no século XVIII, impulsionados pelo Iluminismo. Os direitos políticos se expandiram e foram assegurados a todos os adultos nas democracias liberais entre os séculos XIX e XX.

    No Brasil, houve períodos no século XX em que esses direitos foram restringidos ou suspensos. Os direitos sociais, por outro lado, são relativamente recentes, tendo se consolidado após a Segunda Guerra Mundial nas democracias sociais europeias.

    Essa trajetória histórica revela que os direitos estão interligados e se fundamentam mutuamente: os direitos civis pavimentam o caminho para os direitos políticos, que, por sua vez, viabilizam os direitos sociais.

    Ademais, existem os direitos econômicos, como o direito à propriedade privada, à livre iniciativa, à concorrência leal e à defesa do consumidor, detalhados na Constituição Federal nos artigos 170 a 181.

    Observa-se nesses artigos a marcante presença estatal na economia. Contudo, essa presença já foi mais acentuada: a Constituição Federal de 1988 originalmente conferia ao Estado o monopólio de diversos setores econômicos (como telecomunicações e navegação de cabotagem), sendo alguns desses monopólios removidos na década seguinte.

    E quais são seus deveres?

    A Constituição não apenas define os direitos dos cidadãos, mas também estabelece seus deveres. Exemplos incluem o alistamento eleitoral e o voto obrigatório para maiores de dezoito anos, bem como o serviço militar.

    Segue uma lista de alguns deveres inerentes à população:

      • Votar para eleger governantes;
      • Obedecer às leis;
      • Respeitar os direitos sociais alheios;
      • Educar e proteger os próximos;
      • Preservar o meio ambiente;
      • Zelar pelo patrimônio público e social do país;
      • Colaborar com as autoridades.

    Resumidamente

    Não é possível que os direitos sociais se concretizem sem o exercício efetivo dos direitos e deveres políticos por parte dos cidadãos. Há dúvidas? Analise a efetivação dos direitos sociais previstos pela Constituição de 1988, após mais de 25 anos de vigência, sem uma cultura política ativa na sociedade, e perceberá que eles não se materializaram plenamente. Portanto, conclui-se que “o custo de ter direitos, principalmente os sociais, é o dever de cidadania de participar da vida política e controlar os mandatos, governos e orçamentos públicos do país.” É fundamental lembrar que, além de reivindicar direitos, os cidadãos também têm deveres.

    Além desses direitos, outros, como os direitos culturais e ambientais, estão cada vez mais presentes no debate público.

    Os direitos e deveres do cidadão são vastos! Você já tinha conhecimento de alguns deles? Comente aqui no Fórum Juristas!

    Referências:

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