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Hacker afirma à CPI que Bolsonaro teria planejado simular fraude a urna eletrônica

Brasília (DF) 17/08/2023 Depoimento do Hacker, Walter Delgatti Neto, na CPMI do golpe. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Perante a CPI dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro, o programador Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker da Vaza Jato, revelou nesta quinta-feira (17) que o então candidato Jair Bolsonaro (PL) teria planejado uma simulação de invasão de urna eletrônica durante as celebrações do 7 de setembro de 2022, menos de um mês antes das eleições.

De acordo com Delgatti, Bolsonaro teria solicitado em outra ocasião que ele assumisse a autoria de um grampo de conversas de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O hacker alega que acatou o pedido, intermediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), mas nega ter tido acesso a qualquer suposto conteúdo desse grampo.

O ex-presidente Bolsonaro foi recentemente condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por disseminar mentiras e ataques ao sistema eleitoral, resultando em sua inelegibilidade pelos próximos oito anos. Além disso, ele enfrenta múltiplas ações judiciais, incluindo suspeitas de envolvimento nos incidentes golpistas de 8 de janeiro.

Brasília (DF) 17/08/2023 Depoimento do Hacker, Walter Delgatti Neto, na CPMI do golpe. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Na CPI, em relação ao suposto plano envolvendo urnas eletrônicas, Delgatti afirmou que criaria um "código-fonte falso" desenvolvido por ele, demonstrando como uma urna poderia registrar um voto diferente da escolha do eleitor.

Delgatti, cujo destaque veio por invadir contas de Telegram de procuradores da Lava Jato em 2019, relatou que apresentou o plano a Bolsonaro durante uma reunião no Palácio da Alvorada, em 10 de agosto do ano anterior, período já dentro da campanha eleitoral.

O ex-presidente então teria pedido para o hacker que conversasse com técnicos do Ministério da Defesa sobre o sistema eleitoral. "Ele [Bolsonaro] também pediu que eu fizesse o que eu havia dito sobre o 7 de setembro", disse o programador à CPI.

Sobre o grampo relacionado a Moraes, o hacker disse: "Ele [Bolsonaro] disse que o grampo fora realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, não tive acesso a ele". Delgatti afirmou à CPI que Bolsonaro chegou a prometer um perdão presidencial de condenações que fossem aplicadas a ele pela Justiça.

Carla Zambelli, First Right Wing Congress meeting in Sao Paulo
Autor: thenews2.com

Chamado à CPI como testemunha, Delgatti falou das tentativas, solicitadas por Zambelli, para prejudicar a integridade do sistema eleitoral brasileiro. Ele esclareceu que o plano não se materializou devido à exposição na imprensa após os encontros com a equipe de campanha de Bolsonaro. Um dia antes de depor perante a comissão, o programador prestou declarações à Polícia Federal. Sua defesa alega que ele forneceu evidências de ter recebido pagamentos de Zambelli.

Delgatti foi novamente detido no início de agosto, suspeito de conspirar, a pedido da deputada, contra Moraes. O hacker já havia admitido, em junho, ter invadido os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e inserido um mandado de prisão falso em nome de Moraes, assinado pelo próprio ministro. Além disso, afirmou ter recebido um pedido de Zambelli, no ano passado, para invadir uma urna eletrônica.

Na sessão desta quinta-feira na CPI, ele disse que invadiu os sistemas do CNJ e de tribunais de todos os estados. "Tive acesso a todas as senhas de juízes e servidores, fiquei quatro meses na intranet do CNJ e de tribunais".

O hacker afirmou que o objetivo era demonstrar a fragilidade do sistema eleitoral brasileiro, tese levantada, sem provas, pelo ex-presidente e seus apoiadores. Ele disse que o entorno do ex-presidente queria o transformar em "garoto propaganda" da campanha eleitoral de Bolsonaro. "Eu era o hacker da Lava Jato, seria difícil a esquerda questionar a autoria [do grampo]", afirmou o hacker.

Delgatti revelou que seu encontro casual com Zambelli resultou em uma troca de contatos. Mais tarde, ele afirma ter sido contatado pela deputada, que lhe fez uma proposta para ingressar na campanha de Bolsonaro.

No dia 9 de agosto, ele afirma ter se reunido com integrantes da campanha, incluindo Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Na mesma tarde, em outro encontro, desta vez sem Valdemar, teria sido concebido o plano de simular a invasão de uma urna eletrônica no 7 de setembro.

No ano anterior, o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, havia solicitado ao TSE, desde agosto, a análise do código-fonte entre 2 e 12 de agosto. A inspeção do programa, urgentemente solicitada, estava disponível desde outubro do ano anterior.

À CPI, Delgatti declarou ter participado, a pedido de Bolsonaro, de reuniões com altos membros das Forças Armadas. Ele disse que visitou o Ministério da Defesa cinco vezes e teve encontros com o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira. Além disso, afirmou que colaborou com o relatório sobre as eleições apresentado pela pasta em novembro.

Ele disse que manteve contato com a "cúpula de TI" das Forças Armadas, e que os técnicos usavam nomes fictícios para se comunicar, como "carro" e "caminhão". O programador disse que falou por mensagens de celular com o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, por mensagem de celular.

Segundo o hacker, Bolsonaro falou que o resultado das eleições poderia causar uma "ruptura" no país. "Ele falava que eu precisava fazer isso pela liberdade do povo, ele tinha aquela manipulação, ele falava 'senão o resultado será a ruptura, e será ruim para todos nós"'. Ele fazia uma equiparação à Venezuela", afirmou Delgatti sobre a conversa com o ex-presidente no Palácio da Alvorada.

O advogado de Zambelli, Daniel Bialski, divulgou nota nesta quinta-feira afirmando que Delgatti "usa e abusa de fantasias em suas palavras". Ele negou participação da deputada em irregularidades.

"Suas versões mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade", disse Bialski. O advogado disse que a defesa de Zambelli ainda não teve acesso aos autos da investigação.

Com informações de Folha Press.


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