Inteligência de dados é a palavra-chave do atual mundo corporativo. E faz todo o sentido. Em 2020, o mundo deve gerar, em conjunto, cerca de 50 zettabytes de dados. Para se ter uma ideia, isso é o equivalente a preencher 50 bilhões de HDs com capacidade de 1 terabyte.
Muitas dessas informações podem e devem ser exploradas no dia a dia de muitos profissionais. No mundo do Direito, isso não é diferente. Saber lidar com dados não é apenas mais uma tendência, mas algo que verdadeiramente está redefinindo a maneira como os advogados trabalham. Se antes era humanamente possível analisar o conteúdo disponível, a quantidade massiva de informação que temos hoje tornou essa tarefa impossível para uma (ou mesmo muitas) mentes humanas.
Para se ter uma ideia, a estimativa é que anualmente sejam publicadas mais de 30 milhões de sentenças judiciais. Nem a mais efetiva equipe de analistas terá capacidade de ler, entender, contextualizar e usufruir destes dados sem a apoio da tecnologia. E entender essa necessidade de integração entre pessoa e máquina é o que vai separar quem apenas vai cumprir tarefas maçantes daqueles que serão eficientes e estratégicos na profissão.
Então, o que efetivamente vai se consolidar, a partir de 2020, nessa transformação da profissão? É saber usar o tempo e as informações a seu favor. Esses são os recursos mais valiosos e que, sem bem utilizados, vão garantir o diferencial competitivo na profissão.
Na prática, é livrar-se cada vez mais das tarefas corriqueiras que podem ser automatizadas por um sistema de computador. É fazer com que os dados relevantes possam ser extraídos destas milhões de sentenças e se tornem informação estratégica. É usar a Inteligência Artificial para aprender padrões, cruzar informações de diferentes bancos de dados e identificar tendências e oportunidades que tragam maior probabilidade de sucesso em uma ação.
Com isso, o profissional vai proporcionar o verdadeiro compliance em sua profissão. Uma ideia de compliance que vai além da conformidade legal. Mas engloba também um serviço bem prestado, a garantia da privacidade de informações sensíveis, a adequação total à Lei Geral de Proteção de Dados – que em breve estará em vigor –, proporcionar velocidade e segurança nas entregas diárias. Tudo que garante uma melhor performance de negócios para os clientes.
Mas para isso funcionar, é fundamental que o profissional tenha mente aberta para as inovações tecnológicas e esteja preparado para esse novo cenário. Por mais que a máquina possa gerar dados e insights em segundos, em um clique, apenas a contextualização correta e o uso criativo das informações vão fazer a diferença. Toda essa facilitação só faz sentido, só é um verdadeiro diferencial competitivo, se estiver lado a lado com o intelecto humano.
O valor do advogado é e sempre será o mesmo: ajudar as pessoas. Se ficarmos presos no passado, não vamos alcançar esse objetivo. Mas se olharmos para o que podemos agregar valor em conjunto com o que as máquinas podem fazer, haverá um universo enorme de possibilidades.
Juliana Ono, Diretora Editorial e de Conteúdo da Thomson Reuters Brasil
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