Medo estimula violĂȘncia contra a mulher

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Medo estimula violĂȘncia contra a mulher | Juristas
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DependĂȘncia econĂŽmica, psicolĂłgica e afetiva intimida denĂșncias

Medo. Na avaliação da desembargadora Diracy Nunes Alves, coordenadora estadual de ViolĂȘncia Contra as Mulheres do Tribunal de Justiça do ParĂĄ (TJPA), essa Ă© a razĂŁo pela qual o ParĂĄ figura em 6Âș lugar no PaĂ­s, no ranking da violĂȘncia contra a mulher, com um Ă­ndice de feminicĂ­dios de 6,4 mulheres mortas a cada 100 mil habitantes, entre 2005 e 2010, um percentual de 80% de letalidade, segundo o Atlas da ViolĂȘncia no Brasil divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisas EconĂŽmicas Aplicadas (Ipea).

“O fato Ă© que as mulheres tĂȘm medo. Elas temem e nĂŁo tĂȘm coragem de quebrar esse ciclo de violĂȘncia. Por dependĂȘncia econĂŽmica, por dependĂȘncia afetiva, pela famĂ­lia”, diz a desembargadora Diracy, ao ponderar que a rede de proteção Ă  mulher no Estado tem dificuldades, mas com certeza estĂĄ entre as mais completas do PaĂ­s.

“O Tribunal de Justiça do ParĂĄ foi um dos primeiros do Brasil a criar varas especĂ­ficas de violĂȘncia domĂ©stica contra a mulher, cujo atendimento especializado atende Ă  vĂ­tima de um crime peculiar, cometido por uma pessoa das relaçÔes Ă­ntimas da mulher”.

SĂŁo trĂȘs varas de violĂȘncia domĂ©stica na capital, o que, na avaliação dela, ainda Ă© insuficiente, mas em todos os municĂ­pios ela garante que os juĂ­zes fazem o atendimento especĂ­fico, juntamente com equipes multidisciplinares da rede de proteção.

“Em BelĂ©m, temos uma estrutura que poucos estados tĂȘm, em parceria com todos os ĂłrgĂŁos pĂșblicos que se voltam Ă  proteção da mulher, com açÔes integradas e em rede, que funciona no Pro Paz Mulher, onde a vĂ­tima de violĂȘncia recebe todo o atendimento, desde a delegacia, onde ela faz a ocorrĂȘncia, atĂ© o atendimento psicolĂłgico com uma equipe multidisciplinar, de forma a evitar a revitimização”, informa.

ESTATÍSTICAS

Quanto aos nĂșmeros do Ipea, a desembargadora observa que nĂŁo hĂĄ estatĂ­sticas precisas sobre a violĂȘncia que acontece de fato no Brasil e nos estados.

“A gente sabe que existe um nĂșmero exorbitante de casos de agressĂ”es, de violĂȘncia no Ăąmbito familiar, sĂł que as mulheres Ă s vezes nĂŁo denunciam, elas temem uma nova agressĂŁo, Ă s vezes o marido Ă© o Ășnico provedor da famĂ­lia, elas tĂȘm medo Ă s vezes atĂ© por dependĂȘncia afetiva”, observa a magistrada.

Para o enfrentamento Ă  violĂȘncia, a desembargadora diz que o TJPA tem investido na divulgação massiva da lei para despertar a consciĂȘncia social de que as mulheres tĂȘm direito a ser livres e os agressores de que erraram e precisam ser responsabilizados. “A gente trabalha com a justiça restaurativa, cujo principal conceito Ă© a responsabilização do agressor e a conscientização da vĂ­tima de que ela nĂŁo Ă© a responsĂĄvel pelas agressĂ”es que sofre”.

Com relação Ă  programação do projeto Justiça pela Paz em Casa, cuja 8ÂȘ etapa serĂĄ realizada entre 21 e 25 de agosto, a desembargadora lembra que a iniciativa da ministra CĂĄrmen LĂșcia foi institucionalizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e terĂĄ uma vasta programação no Estado. “Aqui na coordenadoria o programa inclui visitas, palestras, inclusive um treinamento em conjunto com o NĂșcleo Permanente de MĂ©todos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec). No dia 18 de agosto, teremos um encontro nacional para marcar o 11Âș ano da Lei Maria da Penha, em Salvador, onde todos os problemas que a gente tem, a gente vai buscar como solucionar”, informou.

Fonte: TJPA

 

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