Câmara deve votar amanhã suspensão de OAB de advogados acusados de assédio

Data:

CFOAB
Créditos: diegograndi / iStock

Está prevista para amanhã (02/05/2023), a votação em plenário da Câmara dos Deputados do projeto de lei (PL) que inclui a possibilidade de suspensão da atividade profissional de advogados acusados de assédio sexual e moral.

Atualmente, como não existe essa previsão na lista de infrações éticas do Estatuto da Advocacia, a punição pode vir tão somente por condenação judicial, não em processo administrativo. Ou melhor: o profissional que incorre na prática pode continuar exercendo a profissão, mesmo que responda judicialmente pela acusação.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) aprovou em março deste ano a inclusão do assédio moral e sexual em desfavor da mulher na lista de infrações éticas do Estatuto da Advocacia.

A sugestão foi enviada ao Congresso Nacional, que foi transformada em projeto de lei. Caso a proposta seja aprovada na Câmara, seguirá para tramitação no Senado.

De acordo com os dados apresentados no mês de março deste ano pelo conselheiro Carlos José Santos da Silva, “pouco mais de 50% das empresas, escritórios e membros do Judiciário estão tomando medidas para prevenir, ou responder adequadamente, às más condutas. Apenas um em cada cinco locais de trabalho forneceu treinamento visando o reconhecimento e denúncia de problemas nessas áreas”.

Em março de 2022, a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB criou um canal de denúncia de assédio em desfavor de advogadas. Desde então, foram registrados 30 (trinta) casos. Entre as denúncias, 11 (onze) são por assédio sexual e 9 (nove) por assédio moral. Em 5 (cinco) casos, não se caracteriza nenhum dos dois tipos de assédio. Os casos são sigilosos, porém a coluna de Carolina Brígido do UOL (Universo Online) obteve acesso ao teor das acusações.

Em uma delas, um advogado teria puxado a vítima belo braço com força, “machucando-a e tentou beija-la forçadamente”. Enquanto, que outra advogada relatou “conduta abusiva de advogado em escritório de advocacia”, que teria lhe constrangido “com perguntas a respeito de sua vida sexual e feito insinuações a esse respeito”.

Uma advogada pública afirma ter sido constrangida por colega de trabalho que tentou contato físico forçado e lhe mandou mensagens inapropriadas em suas redes sociais”. Outra denúncia diz que o chefe teria feito críticas à profissional, “chamando-a de nervosa e temperamental” por ser mulher.

Já em outro caso, uma advogada disse que um servidor de um Tribunal a chamou de incompetente e “se negava a realizar as movimentações necessárias em seus processos”.

De acordo com  a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Cristiane Damasceno, há subnotificação das acusações, porque as mulheres temem denunciar a prática e sofrerem retaliação profissional ou pessoal. “As mulheres se submetem e se calam porque precisam trabalhar e ascender na carreira”, diz Cristiane.

(Com informações da Coluna de Carolina Brígido do Portal UOL – Universo Online)

Juristas
Juristashttp://juristas.com.br
O Portal Juristas nasceu com o objetivo de integrar uma comunidade jurídica onde os internautas possam compartilhar suas informações, ideias e delegar cada vez mais seu aprendizado em nosso Portal.

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Concessionária de energia é condenada a indenizar usuária por interrupção no fornecimento

A 33ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação de uma concessionária de energia ao pagamento de R$ 10 mil por danos morais a uma usuária que ficou sem fornecimento de energia elétrica por quatro dias, após fortes chuvas na capital paulista em 2023. A decisão foi proferida pelo juiz Otávio Augusto de Oliveira Franco, da 2ª Vara Cível do Foro Regional de Vila Prudente.

Homem é condenado por incêndio que causou a morte do pai idoso

A 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a condenação de um homem pelo crime de incêndio que resultou na morte de seu pai idoso. A decisão, proferida pela Vara Única de Conchal, reduziu a pena para oito anos de reclusão, a ser cumprida em regime fechado.

Remuneração por combate a incêndio no Porto de Santos deve se limitar ao valor do bem salvo

A 9ª Vara Cível de Santos condenou uma empresa a pagar R$ 2,8 milhões a outra companhia pelos serviços de assistência prestados no combate a um incêndio em terminal localizado no Porto de Santos. O valor foi determinado com base no limite do bem efetivamente salvo durante a operação.

Casal é condenado por expor adolescente a perigo e mantê-lo em cárcere privado após cerimônia com chá de ayahuasca

A 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) confirmou a condenação de um casal pelos crimes de sequestro, cárcere privado e exposição ao perigo à saúde ou vida, cometidos contra um adolescente de 16 anos. A decisão, proferida pela juíza Naira Blanco Machado, da 4ª Vara Criminal de São José dos Campos, fixou as penas em dois anos e quatro meses de reclusão e três meses de detenção, substituídas por prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário mínimo.