4 princípios de gerenciamento de mudança para tecnologia jurídica

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Créditos: Leszek Kobusinski | iStock

Adaptar-se a novas tecnologias jurídicas pode ser difícil para profissionais da área. A tecnologia muda rapidamente, o que torna a mudança contínua da prática algo confuso e inquietante. Soma-se a isso o fato de que uma tecnologia pode substituir ou alterar a natureza de um trabalho, e o profissional de Direito tem certa resistência à mudança.

Diante desse cenário, adaptar o processo de gerenciamento de mudanças é fundamental para garantir uma transição suave para a tecnologia jurídica. Veja a seguir 4 princípios desse gerenciamento!

Permaneça flexível

Embora haja um consenso geral sobre os melhores princípios de gerenciamento de mudanças, o mais importante é permanecer flexível. Na escala de personalidade Myers-Briggs, advogados são esmagadoramente INTJs (Introversão, Intuição, Pensamento e Julgamento) a uma taxa de cinco vezes a da população em geral.

Exemplificando esse tipo de personalidade, os exercícios usuais de formação de equipe realizados por alguém como parte do gerenciamento de mudanças não funcionarão muito bem com um grupo de introvertidos.

É possível mudar o comportamento de uma pessoa, mas não tem como mudar sua personalidade. Personalidade é o que somos. Tentar forçar as pessoas a serem diferentes daquelas que são é como tentar ensinar um peixe a andar. Comportamento é o que fazemos.

Um gestor de um escritório de advocacia terá maior sucesso considerando o fato de que seus advogados são um grupo de introvertidos. Dessa forma, é possível propor uma alteração em seu comportamento para aceitar a mudança proposta, ao invés de tentar transformá-los em extrovertidos que amam o caos.

Camadas de mudança

Uma desvantagem de trabalhar com um grande número de tipos de personalidade INTJ é que eles tendem a ser arrogantes e acreditam que suas conclusões são as únicas respostas corretas. Eles são críticos, especialmente nos relacionamentos com os outros, mas não seguem cegamente as regras. Todos esses fatores tornam difícil ensinar novos comportamentos. A vantagem é que eles são intelectualmente curiosos, diligentes, eficientes e receptivos a novas idéias lógicas.

Embora a área jurídica tenha sido mais lenta em adotar tecnologia do que a maioria das outras atividades, a verdade é que a tecnologia alcançará os advogados (na verdade, vem alcançando). O gestor pode impulsionar a adoção de novas tecnologias jurídicas por meio de uma estratégia de gerenciamento de mudanças sólidas, introduzindo a tecnologia atual de forma incremental.

Os advogados respondem melhor a camadas de mudança, ou seja, um processo mais longo em que se implementa cada mudança de forma lógica, eficiente e incremental. É mais eficaz do que mergulhar de cabeça em um novo modelo de negócios.

Para implementar as camadas, o gestor deve definir metas específicas com base nas métricas reais e seguir as especificações de cada camada. Além disso, é preciso definir os parâmetros por trás da escolha dos objetivos.

Por fim, em cada camada de mudança, o gestor pode desafiar os advogados a encontrar os meios mais eficientes para chegar ao próximo degrau. Naturalmente competitivos, inquisitivos e interessados ​​em resolver problemas, eles apreciarão o desafio. Além disso, a competição adiciona um componente de propriedade ao processo de mudança. A propriedade requer participação ativa, em oposição à aceitação passiva da mudança.

Comunique-se usando todos os métodos disponíveis

A falta de comunicação leva a mal-entendidos em relação à importância da mudança rumo à tecnologia jurídica. Como gerente de mudança, o gestor não pode comunicar o significado de cada etapa do processo. Use e-mails, reuniões semanais ou mensais, encontros individuais ou qualquer outro meio necessário para garantir que toda a equipe esteja na mesma página em relação à etapa atual.

Certifique-se de que os gerentes apóiem ​​a nova tecnologia, pois eles são os melhores “mensageiros” para a equipe. Eles entendem seus profissionais, que preferem ouvir sobre as próximas mudanças de seu supervisor imediato ao invés do sócio que pouco aparece no escritório.

Lembre-se sempre, porém, de que as comunicações funcionam nos dois sentidos. Enquanto você estiver se encontrando com gerentes, advogados e funcionários, lembre-se de ouvir e observar sinais não-verbais. A escuta ativa desempenha um papel vital em comunicações claras. Ele permite que você adapte melhor sua mensagem para garantir que atenda às preocupações de todas as partes interessadas, e que elas ainda estejam comprometidas com a nova tecnologia.

Treinamento é essencial para tecnologia jurídica

O treinamento reforça o valor intrínseco da mudança para a tecnologia jurídica. O gestor do escritório de advocacia não pode esperar que toda a equipe jurídica utilize efetivamente uma ferramenta ou soluções tecnológica que os profissionais não conseguem operar. Lembre-se de que todo mundo aprende em seu próprio ritmo e à sua própria maneira. À medida em que ocorre o treinamento, é possível ir tirando os sistemas obsoletos. As pessoas estão propensas a voltar à sua zona de conforto. Se tais sistemas continuam instalados, os profissionais provavelmente os usarão como uma muleta ou abandonarão a mudança por completo, retornando à solução que lhes é familiar.

Se mudar para a tecnologia jurídica é difícil, resistir à mudança pode ser muito mais. Com o trabalho do gestor, que funciona como um catalisador de gerenciamento de mudança para a tecnologia jurídica, é possível garantir que todos percebam que, embora a transição possa ser difícil, o preço de resistir à mudança é alto demais para ser ignorado. A nova tecnologia aumentará sua eficiência, lucratividade e crescimento futuro.

Flexibilidade, pequenos passos, comunicação e treinamento fornecem as ferramentas de que você precisa para implementar um processo bem-sucedido de gerenciamento de mudança para a tecnologia jurídica em qualquer escritório de advocacia. (Com informações do Ross.)

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