O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou que os criminosos envolvidos nos atos de 8 de janeiro tinham planos de prendê-lo e, posteriormente, enforcá-lo na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A declaração foi dada em uma entrevista ao jornal “O Globo”, divulgada nesta quinta-feira (4).
Segundo ele, havia três planos delineados pelos manifestantes. O primeiro consistia na prisão realizada por Forças Especiais do Exército, seguida pela condução do ministro até Goiânia. O segundo plano incluía se livrar do corpo no meio do caminho para a capital goiana, caracterizando não apenas uma prisão, mas um homicídio. ” E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, destacou Moraes.
“Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem”, detalhou o magistrado.
Durante a entrevista, Moraes, que já ocupou o cargo de secretário da Segurança Pública de São Paulo durante a gestão de Geraldo Alckmin e posteriormente foi ministro da Justiça de Michel Temer, sendo indicado à Suprema Corte após a morte do ministro Teori Zavascki em 2017, expressou seu choque com a inação da Polícia Militar do Distrito Federal diante dos atos de vandalismo que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes. Ele afirmou categoricamente: “Não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo”.
Ainda de acordo com Moraes, permitir que eleitores insatisfeitos com o resultado das urnas nas eleições de 2022 acampassem em frente a quartéis do Exército foi um grande erro das autoridades.
“O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos. No dia do segundo turno, também tivemos um problema grave com a Polícia Rodoviária Federal, objeto de inquérito, que inclusive gerou a prisão do ex-diretor [Silvinei Vasques]. Houve a greve dos caminhões tentando parar o país. A violência estava numa crescente”, relatou o ministro.
Moraes conclui então seu raciocínio: “O grande erro doloso foi permitir a entrada na Esplanada dos Ministérios. O 8 de janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas”.
Com informações de O Globo.
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