Uma técnica de enfermagem gaúcha foi vítima de uma acusação falsa no WhatsApp e viu sua vida virar do avesso. O boato espalhado continha uma foto dela com o namorado e dizia que eles eram responsáveis por tráfico de órgãos.
No texto, estava escrito: “Esse é o Casal da Meriva e não tem nada a Ver Com Religião como Disseram Ontem e Sim Tráfico de Órgãos já Foi Encontrado uma Criança Morta e Vazia Sem Nada Dentro”.
A referência da mensagem era a morte de Eduarda Herrera de Melo, de 9 anos, que desapareceu enquanto brincava diante da residência da família. Seu corpo foi encontrado dias depois, junto à RS-118. A polícia informou que a causa da morte havia sido afogamento.
A postagem, além de acusá-la de um crime sórdido, fornecia nomes, placas do carro e endereço do casal. Ela circulou em grupos de pais de alunos de escolinha de futebol e de condomínios fechados
À BBC News Brasil, Adriana disse: “Entrei em choque. Quando perdi o marido, tive apoio da família e dos amigos. Desta vez, ao mesmo tempo que as pessoas recebiam a mensagem nos grupos, já tomavam a iniciativa de desmenti-la. O que machuca é que a gente sempre tenta fazer o bem e não entende o que leva alguém a fazer isso”.
Ela foi aconselhada por um amigo que trabalha na Defesa Civil a buscar refúgio na casa de familiares em um município vizinho. Ela registrou um boletim de ocorrência por calúnia e difamação contra os responsáveis, e permaneceu longe de casa por duas semanas.
Ao retornar, viu que arremessaram pedras na varanda e no pátio, motivo que a fez voltar para a casa dos familiares.
Ela recebeu a solidariedade da família do marido, que faleceu há alguns anos, e do grupo Grave de voluntariado, do qual participa.
Além de atingi-la pessoalmente, as acusações falsas atingiram sua filha caçula, que fica nervosa sempre que a mãe sai de casa. A técnica em enfermagem relatou que não conseguiu voltar à vida normal, e que as pessoas devem ter mais cuidado com o conteúdo que compartilha.
A polícia investiga pelo menos dois suspeitos pela disseminação das mensagens. O advogado da profissional acredita que há uma motivação pessoal, de vingança. (Com informações do Uol.)