Na última segunda-feira (19), o cofundador e CEO da iFixit, Kyle Wiens, se manifestou contra empresas como Apple, Microsoft e Samsung, por tornarem propositalmente seus produtos mais difíceis de consertar e por impedir que empresas que atuam na manutenção de aparelhos de forma terceirizada adquiram peças de reposição. A declaração se deu em discurso à Comissão de Produtividade, que auxilia o governo da Austrália a tomar decisões econômicas.
Weins, que fundou a iFixit visando oferecer de graça caixas de ferramentas e manuais para que o próprio consumidor conserte seu hardware, detalhou casos específicos em que duas fabricantes dificultaram o conserto de produtos. No inquérito sobre “Direito de Reparo” da Comissão de Produtividade, o CEO do iFixit disse que Apple e Samsung barram o acesso às partes avulsas de algumas linhas de aparelhos.
No caso da fabricante sul-coreana, Weins afirmou que uma das fornecedoras de bateria da companhia, a companhia alemã Varta, não consegue revender as baterias usadas na linha Galaxy Buds a terceiros devido a uma cláusula no contrato com a Samsung. “Isso é cada vez mais frequente” disse o executivo.
Já em relação a Apple, ele diz que o MacBook Pro tem uma versão levemente modificada de um chip de carregamento que só funciona dentro do dispositivo da Apple e o fornecedor do chip alega ter um contrato com a empresa que impede a revenda a terceiros.
O executivo detalha que a operação da Apple na Califórnia negociou a reciclagem de partes avulsas com pouco tempo no mercado: “a Apple tem galpões cheios de partes avulsas que, em vez de venderem em marketplaces — em que alguém como eu com certeza teria comprado —, eles pagam uma empresa de reciclagem para destruí-las.”
De acordo com Weins, cada vez mais fornecedores estão assinando esses tipos de acordos que os impedem de vender peças de reposição. Segundo ele uma forma de contornar o embargo de fabricantes à peças avulsas, seria de cada país adotar um “selo de reparabilidade” para produtos de tecnologia.
A França foi o primeiro país a adotar esse tipo de selo que exige de fabricantes informações sobre o reparo de seus produtos e a Austrália estuda adotar um sistema semelhante.
No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que o cliente tem o direito de pedir um reparo ao fabricante se o produto apresentar defeito dentro da garantia. A empresa tem 30 dias para consertá-lo. É possível prorrogar o prazo para 180 dias, a depender do nível da restauração.
Com informações de Tecnoblog
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