O empresário Marcelo Odebrecht chegou pouco antes das 14h desta quarta-feira ao prédio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em Curitiba. O empresário, que está preso na carceragem da Polícia Federal da capital paranaense, vai depor no processo que investiga abuso de poder econômico na chapa Dilma-Temer, nas eleições presidenciais de 2014. Marcelo foi trazido numa viatura da PF e entrou rapidamente pela garagem. O depoimento está marcado para começar às 14h30min. Os advogados da ex-presidente Dilma Rousseff foram os primeiros a chegar, cerca de meia hora antes de Marcelo. Para Gustavo Guedes, que representa o presidente Michel Temer no processo, o depoimento de Marcelo Odebrecht e dos executivos do grupo é decisivo. O motivo é que não existe até agora nenhuma das testemunhas ouvidas afirmando ter usado recursos de caixa 2 ou de propina para fazer as doações nas eleições de 2014.
— O depoimento dele e dos executivos passa a ser decisivo porque todos os que foram ouvidos até agora disseram que não houve nem caixa 2, nem propina, e que as doações foram legais. Portanto, não há nada que justifique a procedência da ação. O depoimento do Marcelo é potencializado porque a Odebrecht é a maior construtora do país e fez doações a vários partidos e também para os candidatos nos estados — afirmou Guedes.
O pedido para que Marcelo Odebrecht prestasse depoimento na ação em curso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi feito pelo ministro Herman Benjamin ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, no último dia 9 de fevereiro, depois do
vazamento do depoimento de Claudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht. Fachin não se opôs, e pediu que o Ministério Público Federal também se manifestasse. Em resposta, o procurador Rodrigo Janot Janot se manifestou pelo sigilo total dos depoimentos a serem prestados. Em despacho, Janot afirmou que “ao decidir colaborar com a Justiça o delator está saindo
da condição de criminoso” e essa colaboração ao pode ser de forma parcial, e sim integral. O núcleo do governo Michel Temer foi citado em colaboração premiada de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da construtora. Melo Filho relatou que Temer havia negociado “direta e pessoalmente” com Marcelo Odebrecht, numa reunião no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, dois meses depois do começo da Lava-Jato. Entre os peemedebistas no núcleo do governo, também foram citados o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, e o presidente do Senado, Renan Calheiros.
Autor: Cleide Carvalho, enviada especial. 01/03/2017
Fonte: O Globo