A Renova Energia , empresa de geração limpa, entrou com pedido de recuperação judicial nesta quarta-feira (16), contemplando obrigações totais de R$ 3,1 bilhões. Desse montante, R$ 834 milhões correspondem a débitos “intercompany” e R$ 980 milhões a débitos com atuais acionistas.
A recuperação foi pedido após tentativa fracassada da companhia de vender à AES Tietê o parque eólico Alto Sertão III, com 90% das obras concluídas, mas paralisado por falta de recursos. O empreendimento deve quase R$ 1 bilhão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A Renova, que tem entre seus controladores a estatal mineira Cemig desde 2011, foi criada em 2001 e era vista como uma das empresas mais promissoras do setor de energia limpa do Brasil. A Cemig e sua controlada Light pretendiam utilizar a Renova como veículo para expansão em renováveis.
No entanto, após o cancelamento de uma associação com a norte-americana SunEdison em 2015, a Renova teve problemas para implementar seu plano de negócios, o que foi agravado pelas dificuldades financeiras da Cemig e da Light. Iniciou-se um longo processo de reestruturação e vendas de ativos.
No plano de recuperação, a Renova informou que “pretende restabelecer seu equilíbrio econômico-financeiro e honrar os compromissos assumidos com seus diversos stakeholders” e que pretende “em um futuro próximo, retomar uma trajetória de crescimento sustentável, dentro das reais possibilidades operacionais e financeiras da Renova e de seus acionistas”.
Sócios e ativos
A Renova é controlada pela Cemig e pelo fundo CGI. Dentre seus acionistas relevantes, estão o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar), com 5% do capital, e o FIP Caixa Ambiental, com 3,93%.
A Light deixou a empresa em definitivo na terça-feira, com a conclusão da venda de sua participação de 17% ao fundo CG 1 por valor simbólico de R$ 1. Isso ocorreu na sequência da oferta de ações em julho, após a qual a Light deixou de ser controlada pela Cemig.
Os ativos da Renova Energia incluem vários projetos de geração eólica, incluindo o parque Alto Sertão III (Bahia), que terá 438 megawatts quando concluído, e pequenas centrais hidrelétricas operacionais, controladas por meio da Brasil PCH e da Energética Serra da Prata. O pedido de recuperação judicial não inclui essas duas últimas, “pois são empresas operacionais e financeiramente equacionadas”.
No pedido de recuperação judicial, a Renova listou, além de outras subsidiárias, a holding Renova Energia e a Renova Comercializadora de Energia. A negociação das ações da empresa na bolsa B3 foi suspensa até as 11h do pregão desta quarta-feira devido ao ajuizamento do pedido de recuperação.
A Renova Energia ainda foi alvo de uma operação policial (“O Vento Levou…”), que investiga possíveis desvios de recursos injetados na Renova pela Cemig por meio de supostos contratos superfaturados.
Fonte: G1