A Justiça aceitou duas denúncias formuladas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) relacionadas a supostos crimes sexuais cometidos no município de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco e tornou réus, o Padre Airton Freire de Lima (67) e três funcionários, o motorista do religioso, Jailson Leonardo da Silva (46); Landelino Rodrigues da Costa Filho (34), responsável por filmar missas e eventos na Fundação Terra; e outro funcionário não identificado pela polícia, que responde pelo crime de falso testemunho e não teve a prisão decretada.
De acordo com um comunicado oficial da assessoria do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a investigação desses crimes seguirá em sigilo judicial, visando proteger a privacidade das vítimas. Portanto, a polícia não divulgou especificamente que tipo de infração sexual prevista no Código Penal Brasileiro foi imputada aos acusados.
“Não podemos divulgar informações sobre seus respectivos trâmites, decisões, julgamentos ou recursos, ficando o acesso aos dados limitado apenas às partes envolvidas e aos seus advogados/representantes legais”, diz a Corte.
Padre Airton Freire, fundador da Fundação Terra, teve sua prisão preventiva decretada em 14 de julho na cidade de Arcoverde, localizada no Sertão, durante uma operação que também resultou na execução de mandados de busca e apreensão.
Após sua detenção, ele permaneceu detido em uma cela isolada no Presídio Advogado Brito Alves até 22 de julho, quando sua saúde se deteriorou e ele foi transferido para o Hospital Memorial Arcoverde. No dia seguinte, devido a um acidente vascular cerebral (AVC), foi transferido para o Hospital Português, no Recife, onde se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Inquéritos
O religioso responde ainda a outros três inquéritos em andamento, por denúncias de outras vítimas. A polícia divulgou um número exclusivo para que outras possíveis vítimas ou testemunhas possam entrar em contato. O número é o (81) 9.9488.7082.
“Os relatos das vítimas merecem credibilidade. Todas essas mulheres e um homem, que não se conhecem, relataram de forma detalhada, segura, de forma emocionada. Demonstraram dor em relembrar os fatos. E não há nenhum indicativo de que estão inventando, fantasiando algo sobre um homem que, por elas, era como um homem santo”, afirmou a delegada Andrezza Gregório, em coletiva de imprensa concedida em julho.
Acusação de estupro
O motorista Jailson, que está foragido, foi denunciado por estupro pela personal stylist Sílvia Tavares de Souza, 53 anos. Segundo ela, o crime foi praticado durante um retiro espiritual em agosto de 2022. Sílvia relatou que Jailson a estuprou enquanto o padre – que ela via como uma figura paternal e santa – se masturbava e assistia.
Para atrair a vítima, o líder religioso teria convidado a mulher para sua residência sob o pretexto de realizar uma massagem. Ao chegar, a vítima notou que o padre estava desprovido de vestimenta. “Quando pulei da cama, o motorista colocou a faca no meu pescoço, me deu uma gravata e disse ‘quieta que ninguém vai morrer” relatou Sílvia.
No caso de Landelino, as autoridades policiais não divulgaram os indícios de sua suposta participação nos delitos sexuais em investigação. Ele foi detido em 27 de julho, um dia após a divulgação de seu nome à população.
O que diz a defesa
Em uma nota oficial, a defesa do padre Airton reiterou a inocência do religioso, enfatizando a existência de “provas técnicas e testemunhais, no âmbito dos dois inquéritos concluídos, que atestam que o Padre Airton é inocente”, e que “as provas, infelizmente, não podem ser ainda relevadas pelo fato de as investigações estarem sob segredo de justiça”.
“A prisão preventiva do padre fere a legislação brasileira e o direito internacional pelos fatos já expostos à imprensa. O religioso, um homem doente de 67 anos, nunca tentou impedir as investigações, não coagiu testemunhas, nunca representou ameaça de cometimento de crimes e se apresentou espontaneamente à Justiça”, diz outro trecho da nota.
A defesa de Jailson Leonardo da Silva afirma que ainda não tomou conhecimento das acusações feitas pelo MPPE e, por isso, não emitiu nenhum pronunciamento. Até o momento, não houve manifestação da defesa de Landelino em relação à decisão do Judiciário, e não foram divulgadas informações sobre o responsável por sua representação legal.
Com informações do IG.
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