Investigação da seita Jesus Army revela abusos de crianças

Data:

Investigação da seita Jesus Army revela abusos de crianças
iStock: Cristinlola | iStock

Centenas de ex-membros da Jesus Army (Exército de Jesus) pedem indenização por terem sido vítimas de abuso sexual, físico e emocional dentro da seita religiosa. A maior parte das denúncias se refere a incidentes ocorridos nas décadas de 1980 e 1990.

A seita Jesus Army foi criada no presbitério de uma pequena capela em Northamptonshire, na Inglaterra, em 1969, por Noel Stanton (1926-2009). No seu auge, possuía mais de 2 mil integrantes, e centenas deles viviam em casas comunitárias no centro da Inglaterra. O patrimônio da seita era enorme. 

Dentre as promessas, oferecia às pessoas desabrigadas ou vulneráveis e às famílias tementes a Deus a transformação por meio de um modo de vida devoto. Um intenso regime de trabalho e culto tinha como resultado uma renda, totalmente direcionada ao fundo comum. Tudo era compartilhado, inclusive as responsabilidades parentais, ou seja, qualquer adulto poderia disciplinar uma criança. Os jovens eram designados a um pastor do sexo masculino que supervisionava seu desenvolvimento espiritual. Com 12 ou 13 anos, as crianças eram separadas dos pais.

Dentre os relatos de ex-membros, estão o espancamento com vara de crianças de até 3 anos que se comportavam mal ou adultos que assistiam aos mais jovens tomar banho.

Após a morte do criador da seita, a igreja informou à Polícia de Northamptonshire sobre denúncias de crimes sexuais contra Stanton e outros membros, que totalizavam 43 agressores. 

Acusações como intimidação, estupros, lavagem cerebral, servidão financeira, trabalho forçado, e "surras bárbaras" de meninos por grupos de homens apareceram. Algumas vítimas insatisfeitas com as indenizações propostas pela igreja está preparando uma ação legal coletiva. 

O porta-voz da Jesus Fellowship Church, que deu origem à Jesus Army, disse que há um plano de reparação formal "para fornecer dinheiro e aconselhamento" para "aqueles que haviam sofrido maus tratos no passado".

Uma mulher que cresceu na seita contou sobre a violência sofrida pelos fiéis, afirmando que foi um lugar assustador, com "exorcismos barulhentos e aterradores", fervorosas sessões de adoração à noite, campanhas de recrutamento em vilas e cidades, espancamento público e outros abusos. Ela disse que um dos principais ensinamentos era "não há nada de bom em você como pessoa", motivo pelo qual desenvolveu aversão a ela mesma. Ela narra que era molestada todo fim de semana por um adulto mais velho de sua casa comunitária e que as mulheres “estavam lá para servir", que “corrompiam membros do sexo masculino”.

Um rapaz também narra um abuso sexual sofrido por um membro do sexo masculino da casa comunitária. Ele afirma que era muito feliz e sorridente, mas após o fato se isolou. Ele se distanciou de sua família e deixou a igreja quando tinha 17 anos, e só atualmente descobriu que seus irmãos haviam passado por experiências semelhantes.

Outra moça narra o isolamento social ao qual os jovens eram submetidos, porque tudo era censurado ou pecado. Ela fugiu da igreja após ter sido agredida por um ancião do sexo masculino e tornou-se uma testemunha chave no processo judicial que culminou na prisão do agressor. 

À beira do fechamento da Jesus Army, a seita acumula um patrimônio no valor de 50 milhões de libras (R$ 233,2 milhões).

(Com informações do Uol)

Juristas
Juristashttp://juristas.com.br
O Portal Juristas nasceu com o objetivo de integrar uma comunidade jurídica onde os internautas possam compartilhar suas informações, ideias e delegar cada vez mais seu aprendizado em nosso Portal.

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

TJSP mantém condenação de acusados que aplicavam golpe em locadora de veículos

A 7ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a decisão da 13ª Vara Criminal da Capital, sob a juíza Erika Fernandes, que condenou três homens por associação criminosa, com um deles também condenado por estelionato, relacionado a um golpe praticado contra uma locadora de veículos. As penas impostas, variando entre um e dois anos de reclusão, foram convertidas em medidas alternativas, incluindo prestação pecuniária e serviços comunitários.

Tribunal nega devolução em dobro após depósito realizado por engano

A 2ª Vara Cível de Araraquara julgou um caso envolvendo a devolução de R$ 37 mil que foram depositados por engano em uma empresa após um contrato de securitização de ativos empresariais. Após o acordo, a empresa não mais gerenciava os ativos, mas recebeu indevidamente o depósito de uma devedora. A empresa devolveu o dinheiro 14 dias após o depósito, mas apenas depois que a ação foi ajuizada, o que levou a autora a pedir a devolução em dobro, alegando retenção indevida do montante.

Estado indenizará estudante trans depois de ofensas de professor

A Vara da Fazenda Pública de Guarujá condenou o Estado de São Paulo a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$ 8 mil a uma estudante trans, devido a comentários ofensivos feitos por um professor sobre a comunidade LGBT em sala de aula. Além disso, foi estabelecido um pagamento de R$ 800 por danos materiais, referente aos custos com tratamento psicológico que a estudante teve após o incidente.

Ré é condenada por uso de embalagem similar ao da concorrente

A 5ª Vara Cível de Barueri condenou uma empresa do ramo alimentício por praticar concorrência desleal ao comercializar geleias em potes e embalagens muito parecidos com os de uma marca concorrente. A decisão judicial ordenou que a empresa ré cessasse o uso desses produtos e determinou o pagamento de uma indenização por danos materiais, cujo montante será definido na fase de liquidação do processo.