O panorama empresarial brasileiro, composto majoritariamente por empreendimentos familiares, está passando por uma onda significativa de recuperações judiciais. Conforme o IBGE, essas empresas representam 65% do PIB e empregam 75% da força de trabalho nacional. No entanto, a relevância desses negócios é equiparada pelos desafios que vêm enfrentando nos últimos anos, com cerca de 90% das quase 1500 empresas que entraram em recuperação judicial em 2023 possuindo perfil familiar.
O contexto macroeconômico, marcado pelo fim do crédito abundante oferecido durante a pandemia, juros baixos e incentivos governamentais, deixou muitas empresas sem caixa ou perspectivas. Salvatore Milanese, sócio-diretor da Pantalica Partners, consultoria de gestão estratégica e reestruturação, destaca que empresas familiares, em sua maioria, não estão preparadas para enfrentar crises.
Milanese aponta que a falta de preparo dessas empresas está relacionada a problemas graves de gestão, muitas vezes detectáveis e corrigíveis com organização. No entanto, é comum buscar auxílio profissional apenas quando a situação está desesperadora, comprometendo as possibilidades de financiamento e tornando inevitável uma reestruturação completa e dolorosa.
Ele enumera os principais problemas das empresas familiares e propõe soluções. Os principais desafios estão relacionados à governança, organização, planejamento, profissionalização e sucessão.
Profissionalização
“Contrate pessoas capacitadas. O preço por não contratá-las é muito maior”, explica Milanese. Segundo ele, empresários são como missionários – quer dizer, tem entusiasmo para cumprir determinada missão -, mas precisam de uma equipe de qualidade para realizar o que almejam. Ouvir ideias divergentes, de um conselho consultivo, por exemplo, sempre ajuda a tornar a organização mais focada e eficiente.
Governança
Governança, em linhas gerais, significa definir o papel e a remuneração de cada um – desde colaboradores aos sócios-fundadores. “Com isso, é possível reduzir drasticamente os conflitos e evitar atraso na tomada de decisões”, aponta Milanese. Já ao estabelecer a remuneração dos integrantes, ganha-se em previsibilidade, tanto em relação às finanças corporativas como com relação às finanças pessoais, que devem estar rigorosamente separadas.
Organização
A falta de controle interno, considerando desde a própria operação, como logística, às finanças, como gastos com fornecedores, pode levar uma empresa à falência. “O mundo está cheio de boas ideias, mas é preciso executá-las com sabedoria”, diz Milanese. “Empresários devem checar regularmente as metas da companhia e reendereçá-las caso não sejam atingidas. Ninguém pode abrir mão de um fluxo de caixa organizado”
Planejamento
Toda empresa, mesmo as familiares, deve ter um planejamento de médio e longo prazos. Esse planejamento diz respeito tanto a questões existenciais – qual é o objetivo da companhia? – quanto a questões orçamentárias, como tesouraria. “O Brasil é um país de arapucas fiscais. Quem não se planeja, paga inclusive mais impostos”, afirma Milanese. Ademais, o dinheiro arrecadado não pode ficar parado, é necessário reinvesti-lo para maximizar os resultados.
Sucessão
Há muitas empresas bem tocadas pelos fundadores, mas que não perduram até a terceira geração de uma mesma família. “É necessário formar sucessores, mas, caso os filhos não queiram seguir esse caminho, isso não te exime de estabelecer controles internos”, diz Milanese. Afinal, mesmo que a companhia não fique para os herdeiros, é possível vendê-la a um bom preço.
Por fim, Milanese reforça que esses passos devem ser executados o quanto antes. “Não se engane, a recuperação judicial é um remédio amargo. Ela exige decisões drásticas e, a curto prazo, compromete a reputação de sua empresa. Aja antes e evite chegar a esse ponto”.
Sobre a Pantalica Partners
Fundada em 2014, a Pantalica Partners é uma consultoria de corporate finance que atua, entre outras frentes, em restructuring e turnaround, gestão estratégica, melhoria de desempenho e captação de recursos para empresas. Sua equipe, formada por profissionais experientes e habituados a operações de alta complexidade, já participou de mais de 200 transações e mais de 70 projetos de restructuring no Brasil, que alcançam mais de R$ 125 bilhões. É reconhecida pela Debtwire e pela Leaders League como uma das melhores e mais ativas consultorias da América Latina.
Com informações da assessoria.
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