A Universidade Estadual Paulista (Unesp) lançou um programa para incentivar doações até por cartão de crédito. A plataforma na internet entrou no ar no dia 29 de agosto e permite que o interessado assine digitalmente um contrato e faça o pagamento da maneira que escolher. Recentemente, a universidade passou por sua pior crise financeira. O orçamento estava todo comprometido com salários, e décimo terceiro atrasou.
Antes da plataforma, a doação para a Unesp era mais complicada. Ninguém sabia quem procurar, o que acontece em outras universidades públicas. O reitor da Unesp, Sandro Valentini, disse que a burocracia era enorme: “Uma pessoa quis doar para Educação Física e esse pedido chegou até o Conselho Universitário, órgão máximo da instituição. Isso tem de acabar”. O novo programa permite a doação de qualquer valor à instituição. O doador decide se destina ou não o recurso a uma unidade específica.
A Unesp já tem uma plataforma que reúne seus ex-alunos, com cerca de 20 mil cadastrados. A ideia é fazer uma busca ativa de possíveis doadores dentro desse grupo e fora dele. Fundada em 1976, a universidade tem 160 mil egressos, entre eles Antonio Carlos Tadiotti, dono da empresa Predilecta, e Ana Maria Braga, apresentadora.
O empresário Alexandre Leite Lopes doou para a Unesp quando sua filha foi no vestibular da universidade deste ano. Ele disse que viu as faixas sobre o atraso do décimo terceiro salário, mandou uma carta para o diretor do curso e manifestou sua intenção de doar. Ele participou do evento de lançamento da plataforma e foi o primeiro doador que a utilizou, sem divulgar o valor da doação para evitar qualquer relação da filha com os recursos.
Em sua visão, “Poderia pagar a universidade da minha filha e ela está em uma instituição pública. Por que não ajudar como fazem nos Estados Unidos? […]. É algo para a universidade.”
O reitor disse que já é possível doar por depósito bancário, e que cartões e boletos serão aceitos nos próximos meses. O dinheiro cai na conta criada para o Parceiro Unesp e é imediatamente transferido para onde foi dirigido. O gestor pode utilizá-lo para qualquer atividade.
As doações não se limitam a pessoas físicas. É possível firmar parcerias com empresas, com contrapartida da universidade, como colocação de placa, utilização de espaços das instituições para eventos ou uso de um laboratório para pesquisas específicas (neste último caso, é preciso abrir licitação para checar se há outros interessados).
Há grupos contrários à participação da iniciativa privada, por temer uma “privatização” da instituição ou por acreditar que os recursos públicos podem ser diminuídos com ações desse tipo. No entanto, o programa foi aprovado no órgão máximo da Unesp, o Conselho Universitário.
A universidade ainda aprovou um projeto de “endowment”, um fundo perpétuo para a instituição, cujos rendimentos auferidos são revertidos revertem para projetos.
Mantidas com 9,57% da arrecadação do ICMS do Estado de São Paulo, a Unesp, a Universidade de São Paulo (USP) e a Estadual de Campinas (Unicamp) passam por graves problemas financeiros devido à diminuição da arrecadação e o inchaço na folha de pagamento. Juntas, elas são responsáveis por um terço da produção científica do País.
(Com informações do Uol)
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