Justiça anula eliminação de candidata que teve autodeclaração como parda negada em concurso

Data:

Justiça anula eliminação de candidata que teve autodeclaração como parda negada em concurso | Juristas
group of african american university students in lecturing hall

Na última segunda-feira (15), a juíza Patrícia Persicano Pires, da 16ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, anulou a eliminação de uma candidata ao cargo de professora na Rede Estadual de São Paulo. A decisão assegura à candidata a participação nas demais etapas do concurso público realizado em agosto do ano passado.

A eliminação da candidata ocorreu após a Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Vunesp), responsável pela gestão do concurso para a Secretaria da Educação de São Paulo (Seduc-SP), alegar fraude na etapa de heteroidentificação. A candidata, que se autodeclarou como parda, teve sua inscrição deferida com base na autodeclaração e no envio de fotos próprias e de seu pai.

exame psicotécnico
Créditos: Nguyen Dang Hoang Nhu / Unsplash.

No mandado de segurança impetrado pela candidata, a defesa argumentou que a eliminação foi ilegal, e a Vunesp havia deferido a inscrição com base nos documentos apresentados pela candidata. A Justiça, ao conceder a liminar, reconduziu a candidata ao certame, permitindo que ela concorra na lista de ampla concorrência.

A juíza Patrícia Persicano Pires afirmou: “A impetrante possui direito de concorrer às vagas destinadas à ampla concorrência. Defiro a liminar a fim de que seja a impetrante reconduzida ao certame, com sua reinclusão para concorrer na lista de ampla concorrência e, em consequência, sejam divulgadas as notas das provas já realizadas, bem assim para participar das demais etapas do processo seletivo.”

Justiça anula eliminação de candidata que teve autodeclaração como parda negada em concurso | Juristas
Advogado e professor Israel Mattozo, do Escritório de Advocacia Mattozo & Freitas

O advogado e professor Israel Mattozo, do Escritório de Advocacia Mattozo & Freitas, responsável pelo mandado de segurança, destacou que a decisão impediu uma dupla injustiça ao reconduzir a candidata ao certame, evitando a perda de sua principal fonte de renda, já que atua como professora de Geografia na rede pública.

Mattozo também questionou os critérios da Vunesp para a eliminação, enfatizando que a autodeclaração da candidata sempre foi consistente e que, em outro processo seletivo conduzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sua autodeclaração foi aprovada. A candidata, mesmo diante da injustiça, optou por concorrer na modalidade de ampla concorrência, aguardando agora a divulgação das notas e a convocação para a apresentação de títulos.


Você sabia que o Portal Juristas está no FacebookTwitterInstagramTelegramWhatsAppGoogle News e Linkedin? Siga-nos!

Ricardo Krusty
Ricardo Krusty
Comunicador social com formação em jornalismo e radialismo, pós-graduado em cinema pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

2 COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Estado de São Paulo é condenado a indenizar aluno vítima de discriminação racial por professor

A 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou, com ajustes, sentença da 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos que condenou o Estado de São Paulo ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil a aluno da rede pública estadual vítima de discriminação racial praticada por professor em sala de aula.

TJSP mantém condenação de homem que forneceu máquina de cartão usada em extorsão durante sequestro relâmpago

A 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve, por unanimidade, a condenação de um homem por extorsão mediante sequestro. A pena, fixada pela 5ª Vara Criminal de São José dos Campos, foi de oito anos de reclusão em regime inicial fechado.

TJSP nega indenização a convidada que presenciou tumulto em festa de casamento

A 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve sentença da 2ª Vara Cível da Comarca de Itu, que indeferiu pedido de indenização por danos morais ajuizado por mulher que presenciou confusão e agressões físicas durante uma festa de casamento. A decisão foi unânime.

TJSP mantém condenação de mulher que tentou ingressar com celular em presídio

A 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve a condenação de uma mulher que tentou entrar com um celular escondido em um estabelecimento prisional para entregá-lo ao companheiro. A decisão foi proferida pela Comarca de Junqueirópolis.