Justiça de MG torna réus sócios e administradores da 123 Milhas por crimes contra as relações de consumo e fraude

Data:

Decisão acata denúncia do MPMG e aponta prejuízo bilionário a credores e consumidores; empresa nega irregularidades e foca na recuperação judicial.

A Justiça de Belo Horizonte acolheu denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e tornou réus cinco sócios e administradores do grupo 123 Milhas. As acusações incluem crimes contra as relações de consumo, estelionato, fraude a credores, favorecimento de credores e lavagem de dinheiro. Os réus são: Ramiro Julio Soares Madureira, Augusto Julio Soares Madureira, Tania Silva Santos Madureira, Cristiane Soares Madureira do Nascimento e José Augusto Soares Madureira.

As Acusações do Ministério Público

Segundo a denúncia, entre junho de 2022 e agosto de 2023, os réus teriam induzido consumidores a erro por meio da comercialização de produtos da linha “Promo”, com informações consideradas enganosas. Além disso, entre novembro de 2022 e agosto de 2023, os denunciados teriam praticado atos fraudulentos antes do pedido de recuperação judicial, como a distribuição de dividendos no valor de R$ 26,2 milhões, resultando em um prejuízo estimado de R$ 153 milhões aos credores.

A denúncia aponta ainda a prática de lavagem de dinheiro, com a ocultação de R$ 11,5 milhões por meio de uma empresa de publicidade. O MPMG estima que as ações do grupo causaram um prejuízo total de R$ 2,4 bilhões, afetando mais de 800 mil credores, em sua maioria consumidores, e um possível prejuízo de R$ 1,1 bilhão a credores, consumidores e funcionários.

Pedidos de Reparação e Danos Morais Coletivos

Os promotores pedem à Justiça a fixação de R$ 1,1 bilhão para reparação de danos materiais e R$ 30 milhões por danos morais coletivos. Na denúncia, o MPMG afirma que os réus, além de continuarem induzindo consumidores a erro, agiram deliberadamente para fraudar credores ao distribuírem dividendos e se desfazerem de bens pessoais.

“Os denunciados agiram de maneira dissimulada. Além de continuarem induzindo os consumidores a erro mediante a oferta dos produtos da linha Promo, também passaram a agir deliberadamente para fraudar credores, ao distribuírem de maneira dissimulada dividendos, se desfazerem do seu patrimônio pessoal imobiliário e criarem créditos fictícios […]”, afirma um trecho da denúncia.

Posicionamento da 123 Milhas

Em nota, a 123 Milhas negou as acusações e afirmou que não agiu com má-fé. A empresa destacou que seu foco está na apresentação de um plano de recuperação judicial consistente e viável. A 123 Milhas também informou que suas operações continuam funcionando normalmente, tendo transportado quase 3 milhões de pessoas nos últimos 14 meses. A empresa alega que clientes antigos continuam confiando em seus serviços e reafirma seu compromisso com a transparência e a ética.

Próximos Passos

Com o recebimento da denúncia, os acusados passam à condição de réus e responderão ao processo criminal. A instrução processual definirá se os réus serão condenados ou absolvidos das acusações. Paralelamente, o processo de recuperação judicial da 123 Milhas segue seu trâmite, com a expectativa de apresentação e aprovação do plano de recuperação pela assembleia de credores.

“A prática criminosa na gestão do grupo econômico 123 Milhas, além de causar prejuízo superior a R$ 2,4 bilhões a mais de 800.000 credores, em sua maioria consumidores, afetou profundamente a higidez do mercado de viagens online”, destaca outro trecho da denúncia do MPMG.

(Com informações de Naian Lucas Lopes / Portal IG)

Juristas
Juristashttp://juristas.com.br
O Portal Juristas nasceu com o objetivo de integrar uma comunidade jurídica onde os internautas possam compartilhar suas informações, ideias e delegar cada vez mais seu aprendizado em nosso Portal.

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Cães podem ser representados judicialmente por tutor, decide TJSC

Em uma decisão que marca um avanço significativo no reconhecimento dos direitos dos animais, a 3ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça concluiu que cães podem ser representados judicialmente por seus tutores em situações que envolvam maus-tratos. O caso analisado tratou dos cães Tom e Pretinha, vítimas de disparos de arma de fogo que resultaram em ferimentos graves. O tutor dos animais acionou a Justiça buscando indenização por danos morais e materiais, enquanto o autor dos disparos alegava que os cães não poderiam figurar como parte em um processo judicial.

Tribunal nega indenização por explosão de celulares por ausência de prova de defeito de fabricação

A 5ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) manteve sentença que julgou improcedente o pedido de indenização por danos materiais, estéticos e morais ajuizado por uma consumidora contra uma seguradora, uma fabricante de celulares e uma loja de departamentos. A controvérsia girava em torno da explosão de dois aparelhos celulares, supostamente adquiridos na loja ré e segurados pela empresa também demandada.

Homem é condenado a mais de 16 anos de reclusão por tentativa de feminicídio

O Tribunal do Júri da comarca de Lages condenou um homem a 16 anos, 2 meses e 14 dias de reclusão, em regime inicial fechado, por tentativa de feminicídio. O crime, ocorrido na madrugada de 5 de agosto de 2023, no bairro Universitário, foi praticado contra a companheira do réu, que foi trancada dentro de casa e teve o imóvel incendiado.

Ofensas em grupo de WhatsApp com 172 pessoas geram indenização de R$7,5 mil e retratação pública

A 8ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) manteve a condenação de um homem ao pagamento de indenização por danos morais e à realização de retratação pública por ofensas proferidas em um grupo de WhatsApp. A decisão reforça o entendimento de que o ambiente digital não está imune à responsabilização civil por atos que violem a honra e a imagem de terceiros.