A Justiça do Trabalho condenou o empresário Saul Klein, ao pagamento de R$ 30 milhões, em indenizações por explorar sexualmente adolescentes e mulheres e sujeitá-las a trabalhos análogos à escravidão. A decisão, divulgada na sexta-feira (14), pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), foi anunciada como a condenação por tráfico de pessoas de todo o país e a segunda maior por dano moral coletivo pela prática de trabalho análogo ao escravo.
Saul é filho do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, já falecido. A indenização será distribuída entre três instituições sem fins lucrativos.
Conforme destacou o órgão, Klein atraía as vítimas com falsas promessas de trabalho. No caso das jovens com idade entre 16 e 21 anos, Klein prometia a ajudá-las a construir carreiras de modelo, fato que o MPT comprovou após investigações. “Após o aliciamento, as mulheres e as adolescentes eram inseridas em um criminoso esquema de exploração no sítio do empresário, sendo obrigadas a manter relações sexuais com o réu durante dias, sob forte violência psicológica e vigilância armada”, descreve MPT, em nota, o que coincide com as informações apuradas pela polícia. Além da restrição de liberdade, as vítimas sofreram contaminações por infecções sexualmente transmissíveis.
As estratégias chegaram a ser reveladas em reportagens da Agência Pública, em abril de 2021, e do programa Fantástico, da TV Globo. Como ressaltou o MPT, o que serviu de base para a abertura do processo contra Klein foram as denúncias feitas pela imprensa e a mobilização da ONG Justiceiras.
A Justiça também impôs uma multa de R$ 100 mil para cada vez que houver descumprimento, sendo o valor passível de aumento. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo e o Ministério Público de São Paulo ficam obrigados a tomar providências para que se descubra se os médicos que realizaram atendimentos às vítimas no sítio de Klein, onde elas permaneciam, cometeram alguma infração ética ou legal.
Saul Klein chegou a disputar eleições em 2020, pelo PSD. Ele concorreu ao cargo de vice-prefeito de São Caetano do Sul e declarou patrimônio de mais de R$ 61 milhões.
Com informações da Agência Brasil.
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