O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional GSI), afirmou que a morte de Ághata Félix, menina carioca de 8 anos, no Rio de Janeiro, é lamentável, mas ressaltou que a responsabilidade é do governador Wilson Witzel (PSC), não cabendo ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) emitir opiniões. De fato, Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto até o momento.
O ministro declarou que “Nós somos uma república federativa. Então, um acontecimento num estado, um estado como o Rio de Janeiro, se o presidente a cada dia for comentar os acontecimentos do estado, vai acabar cometendo um tipo de, sabe, estar se intrometendo onde não foi chamado. Isso aí é um problema do governador. Quem tem de falar sobre isso é o governador. A polícia é dele, o estado é dele, a situação está na mão dele, a apuração é feita lá”.
Ele foi questionado pela imprensa sobre a morte da menina e afirmou ser preciso esperar a perícia antes de acusar supostos culpados: “É lamentável, um negócio assim cruel. Você vê uma menina tomar um tiro dentro de uma kombi escolar. Mas, você vê, só chegaram à conclusão de que a munição é de fuzil. Não chegaram à conclusão de que fuzil era”.
Antes de o caso se tornar pauta na entrevista, uma repórter abordava os riscos em demonstrações da segurança presidencial, comentando que “uma bala perdida sempre encontra um corpo”. Em seguida, o general afirmou que, “normalmente, quando a bala perdida é do policial, o corpo é do bandido”.
A família da criança defende que o tiro foi de um policial. A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirma que os policiais estavam se defendendo de um ataque de criminosos e que souberam que uma pessoa se feriu apenas momentos depois.
O motorista da kombi disse que 4 policiais estavam no local, um deles atirou contra dois motociclistas que passavam em alta velocidade ao lado da kombi, que estacionou para que uma família desembarcasse. Foi quando Ághata foi atingida pelas costas. A Polícia Civil do Rio investiga o caso.
Ao ser indagado sobre a versão do motorista, Heleno afirmou que ela “não é necessariamente verdadeira”. Ele questionou: “Porque você está dirigindo uma viatura, toma um tiro por trás. Você já sabe quem foi? É complicado, né? A tendência quando você toma um tiro num veículo é você se abaixar. Tentar entrar até debaixo do banco. Então, essas coisas são complicadas. Tem de esperar”.
Ele exemplificou citando o caso de um homem que disse que foi torturado pelo Exército numa favela do Rio. Mas que após a investigação, descobriu-se que ele foi torturado por traficantes do grupo ao qual pertencia.
O general relatou: “Incriminaram todo mundo. O Exército foi acusado de torturar o garoto. Aí daqui a pouco fizeram um levantamento, ele próprio contando, né, que estava de guarda num posto de venda de maconha lá deles. Ele vacilou e as forças de segurança chegaram onde não podiam chegar porque ele vacilou. Tava com namorada, dormindo, não sei o quê. Os caras quase que executaram ele, feriram todo. Na hora de contar a história ele contou que tinha sido os soldados que tinham feito o serviço nele. Foi provado [o contrário], e aí não sai em lugar nenhum”.
Ágatha é a quinta criança morta por bala perdida no Rio em 2019.
(Com informações do Uol)