A Justiça do Rio de Janeiro decidiu flexibilizar a prisão de uma das falsas videntes presas sob suspeita de aplicar um golpe estimado em R$ 725 milhões na viúva de um dos maiores colecionadores de arte do país. Jacqueline Stanesco deixou o Instituto Santo Expedito, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na manhã desta quarta-feira (12), para ficar em prisão domiciliar. A decisão é da juíza Catarina Cinelli Vocos Camargo, da 23ª Vara Criminal.
Jacqueline foi presa em 10 de agosto na operação Sol Poente, da Polícia Civil. Ela e outras seis pessoas de uma mesma família são suspeitas de praticar os crimes de associação criminosa, estelionato, extorsão, roubo e cárcere privado contra a idosa. No total, quatro foram detidos e dois continuam foragidos e o sétimo homem morreu.
Há um mês, a prima de Jacqueline, Rosa Stanesco Nicolau, o filho Gabriel Nicolau e Sabine Boghici, filha da idosa vítima do golpe, tiveram a prisão temporária mantida. A Justiça considerou que a medida era necessária para a continuidade da investigação.
Ao determinar a soltura, a magistrada acolheu um pedido da defesa, que alegou que ela estava com problemas de saúde na cadeia e precisava de cuidados. Na sentença, a magistrada justificou sua decisão: “Tais preocupações foram corroboradas, ao menos em parte, pelo relatório, o qual aponta a hipótese diagnóstica de ansiedade generalizada, tendo havido, inclusive, a necessidade de ser medicada com ‘diazepan 5mg’. Ainda, houve encaminhamento da ré para grupo de diabetes, psicologia e psiquiatria. Assim, restou evidenciada a presença de comorbidade física (diabetes) e a necessidade de cuidados especiais na área de saúde mental”, escreveu a juíza.
Na decisão, a magistrada proibiu que Jacqueline se aproxime da vítima, Geneviève Rose Coll Boghici, 82. Além disso, a acusada não poderá deixar sua residência sem a autorização judicial e deverá entregar seu passaporte em até 24 horas.
O cálculo dos R$ 725 milhões inclui obras de arte, joias e pagamentos de R$ 5 milhões feitos pela idosa após ser enganada e de outros R$ 4 milhões feitos sob suposta coação e ameaça.
Os quadros faziam parte do acervo da vítima, que os herdou há sete anos após a morte do marido romeno Eugéne Boghici, conhecido como o marchand Jean Boghici.
Segundo o inquérito, o golpe teve início em janeiro de 2020 e foi descoberto quando Geneviève Boghici procurou a polícia no primeiro semestre deste ano.
Conforme a Folha de São Paulo, procurado, o advogado Carlos Eduardo Ferreira Santos, que defende a acusada, não havia se manifestado sobre a determinação judicial até a tarde desta quarta.
Com informações da Folha de São Paulo.
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