TST: flexibilidade e autonomia no trabalho descaracterizam vínculo empregatício entre motorista e Uber

Data:

TST: flexibilidade e autonomia no trabalho descaracterizam vínculo empregatício entre motorista e Uber | Juristas
Créditos: UDGTV | iStock

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) reiterou sua posição ao negar o reconhecimento de vínculo empregatício entre um motorista de aplicativo e a Uber, destacando que a subordinação é um elemento fundamental para estabelecer um vínculo trabalhista. A decisão proferida pelo ministro Breno Medeiros em 25 de setembro, se deu na análise do processo 1001543-75.2021.5.02.0043.

O TST tem reafirmado sua posição em várias ocasiões, totalizando agora dez decisões semelhantes que não reconhecem relação de emprego nos casos envolvendo a Uber. As decisões também foram emitidas pela 4ª, 5ª e 8ª Turmas do tribunal.

Administração Pública pode contratar Uber e congêneres
Créditos: Mr.Whiskey / shutterstock.com

O cerne da decisão está na constatação de que a relação entre os motoristas e a Uber é marcada por uma notável flexibilidade na rotina de trabalho e autonomia na prestação de serviços. Em muitos dos casos analisados pelo TST, a ausência de subordinação e a ampla capacidade de o motorista definir seus horários e a forma de realização das viagens levaram à descaracterização de um vínculo empregatício.

“É possível extrair dos elementos contidos no acórdão regional a ampla flexibilidade do autor em determinar sua rotina, seus horários de trabalho, locais em que deseja atuar e quantidade de clientes que pretende atender por dia”, diz o ministro na decisão.

Medeiros afirma ainda que “tal autodeterminação” é incompatível com o reconhecimento da relação de emprego, que tem “como pressuposto básico”, a subordinação, elemento que diferencia o vínculo e o trabalho autônomo.

Para ele, a possibilidade de clientes da Uber avaliarem os motoristas não representa a existência de subordinação, servindo apenas como “ferramenta de feedback para os usuários finais”.

“Nesse passo, o fato da empresa se utilizar das avaliações, promovendo o descredenciamento do motorista mal avaliado, convém não apenas à reclamada para sua permanência no mercado, mas especialmente à coletividade de usuários, a quem melhor aproveita a confiabilidade e qualidade dos serviços prestado”, prossegue.

TST: flexibilidade e autonomia no trabalho descaracterizam vínculo empregatício entre motorista e Uber | Juristas
Crédito: AndreyPopov / istock

“Por fim, não se pode olvidar que é de conhecimento geral a forma de funcionamento da relação empreendida entre os motoristas do aplicativo Uber e a referida empresa, a qual é de alcance mundial e tem se revelado como alternativa de trabalho e fonte de renda em tempos de desemprego (formal) crescente”, conclui o juiz.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) já emitiu sua décima decisão reconhecendo a ausência de vínculo empregatício entre motoristas e a Uber. Outras turmas do TST, como a 4ª, 5ª e 8ª, já se posicionaram de forma semelhante. A empresa informa que em todo o país existem mais de 4,1 mil decisões de Tribunais Regionais e Varas do Trabalho que rejeitam o reconhecimento do vínculo empregatício com a plataforma, bem como julgamentos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e várias decisões no próprio TST.

Com informações do Conjur.


Você sabia que o Portal Juristas está no FacebookTwitterInstagramTelegramWhatsAppGoogle News e Linkedin? Siga-nos!

Ricardo Krusty
Ricardo Krusty
Comunicador social com formação em jornalismo e radialismo, pós-graduado em cinema pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Estado de São Paulo é condenado a indenizar aluno vítima de discriminação racial por professor

A 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou, com ajustes, sentença da 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos que condenou o Estado de São Paulo ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil a aluno da rede pública estadual vítima de discriminação racial praticada por professor em sala de aula.

TJSP mantém condenação de homem que forneceu máquina de cartão usada em extorsão durante sequestro relâmpago

A 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve, por unanimidade, a condenação de um homem por extorsão mediante sequestro. A pena, fixada pela 5ª Vara Criminal de São José dos Campos, foi de oito anos de reclusão em regime inicial fechado.

TJSP nega indenização a convidada que presenciou tumulto em festa de casamento

A 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve sentença da 2ª Vara Cível da Comarca de Itu, que indeferiu pedido de indenização por danos morais ajuizado por mulher que presenciou confusão e agressões físicas durante uma festa de casamento. A decisão foi unânime.

TJSP mantém condenação de mulher que tentou ingressar com celular em presídio

A 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve a condenação de uma mulher que tentou entrar com um celular escondido em um estabelecimento prisional para entregá-lo ao companheiro. A decisão foi proferida pela Comarca de Junqueirópolis.