STJ reconhece responsabilidade de banco em golpe de estelionatário determinando restituição a clientes idosos

Data:

idoso
Créditos: fizkes | iStock

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a responsabilidade objetiva de um banco diante de um golpe praticado por estelionatário. A decisão declarou inexigível o empréstimo feito em nome de dois clientes idosos e determinou a restituição do saldo desviado fraudulentamente da conta-corrente. O entendimento do colegiado destaca que as instituições financeiras têm o dever de identificar movimentações financeiras que não estejam conforme o histórico de transações da conta.

O estelionatário, fazendo-se passar por funcionário do banco, telefonou para um dos titulares da conta, instruindo-o a ir até um caixa eletrônico e aumentar o limite de suas transações. Posteriormente, em nome do cliente, contratou um empréstimo e utilizou todo o dinheiro disponível, incluindo o saldo anterior da conta, para quitar despesas de cartão de crédito e dívidas fiscais de outro estado.

Nancy Andrighi - Ministra do STJ
Créditos: Reprodução / TV Justiça

A ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, ressaltou que os bancos, ao facilitarem a contratação de serviços por meio de redes sociais e aplicativos, têm o dever de desenvolver mecanismos de segurança que identifiquem e impeçam movimentações que destoem do perfil do consumidor. Essa posição baseia-se na interpretação do Código de Defesa do Consumidor e no reconhecimento, pelo STJ, da responsabilidade objetiva das instituições financeiras em casos de fraudes cometidas por terceiros contra clientes (Tema Repetitivo 466 e Súmula 479).

A relatora destacou que a detecção de tentativas de fraude pode ocorrer, entre outros métodos, pela atenção a limites para transações com cartão de crédito, valores de compras realizadas ou frequência de utilização do limite disponibilizado. Esses elementos devem permitir ao fornecedor do serviço identificar a validade de uma operação. "A ausência de procedimentos de verificação e aprovação para transações que aparentem ilegalidade corresponde a defeito na prestação de serviço, capaz de gerar a responsabilidade objetiva por parte do banco", afirmou.

Nancy Andrighi ressaltou que o TJDFT desconsiderou a condição de vulnerabilidade dos clientes idosos, defendendo a análise sob o Estatuto da Pessoa Idosa e a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos. A ministra argumentou que, embora os consumidores devam ter cautela em negociações por telefone e meios digitais, não é razoável afirmar que a vítima assumiu o risco da fraude ao seguir a orientação do estelionatário. Ela destacou a falta de certeza quanto ao modus operandi da fraude no processo.

Com informações do Superior Tribunal de Justiça (STJ).


Você sabia que o Portal Juristas está no FacebookTwitterInstagramTelegramWhatsAppGoogle News e Linkedin? Siga-nos!

Ricardo Krusty
Ricardo Krusty
Comunicador social com formação em jornalismo e radialismo, pós-graduado em cinema pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Pleno do TJPB elege Aluízio Bezerra Filho como novo desembargador pelo critério de merecimento

O Pleno do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), em sessão administrativa realizada nesta segunda-feira (29), escolheu o juiz Aluízio Bezerra Filho como novo desembargador, preenchendo a vaga deixada pelo desembargador Marcos William de Oliveira, que se aposentou no último ano. A eleição ocorreu por mérito.

Inscrição indevida no CADIN gera indenização

Introdução O CADIN, Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do...

Simplificando o Processo de Cidadania Portuguesa: Serviços Profissionais de Pesquisa de Documentação

Se você está considerando iniciar o processo de obtenção da cidadania portuguesa, seja por descendência, casamento ou qualquer outro motivo, uma das etapas fundamentais é reunir toda a documentação necessária. No entanto, essa tarefa pode ser complexa e demorada, especialmente se você não estiver familiarizado com os requisitos específicos ou não tiver acesso fácil aos documentos exigidos.

Entenda os pré-requisitos para a cidadania portuguesa por matrimônio

Entenda os pré-requisitos para a cidadania portuguesa por matrimônio Para...