Operação da PF investiga venda ilegal de presentes de luxo dados a Jair Bolsonaro em viagens oficiais

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Caixa deve indenizar por furto de joias penhoradas de agência, decide juiz
Créditos: Victor Moussa / Shutterstock.com

Na sexta-feira (11), equipes da Polícia Federal realizaram buscas em uma operação que tem como alvo a investigação da venda ilegal de presentes de luxo concedidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante missões oficiais. O esquema, alegadamente liderado por militares associados ao ex-presidente, teria gerado cerca de R$ 1 milhão. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diferentes localidades, incluindo Brasília, São Paulo e Niterói (Rio de Janeiro).

Conforme a Polícia Federal, há suspeitas de que exista uma organização criminosa em torno de Bolsonaro, alegando ainda que o ex-presidente teria levado joias recebidas em razão do seu cargo para os Estados Unidos.

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Policia Federal
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Os presentes de alto valor, como os que estavam sendo alvo de negociação, devem ser obrigatoriamente incorporados ao acervo da Presidência da República, visto que são bens públicos e não pessoais. Entretanto, segundo a investigação, essas peças foram desviadas para o acervo privado do ex-presidente e, posteriormente, comercializadas no exterior em transações em dinheiro, sem uso dos canais bancários formais.

Entre os investigados estão, Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e tenente-coronel do Exército, que está preso e é investigado por supostamente adulterar cartões de vacinação, o General da Reserva Mauro César Lourena Cid, colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras. Também estão sob investigação Osmar Crivelatti, segundo-tenente e ex-ajudante de ordens, e Frederick Wassef, advogado que já defendeu a família Bolsonaro.

A Polícia Federal sustenta no pedido para a operação que existem fortes indícios de que os investigados negociaram e venderam ilegalmente joias e bens de alto valor recebidos por Bolsonaro e outros membros do governo em viagens oficiais. Além disso, apontam que há indícios de que o grupo atuou para ocultar os valores provenientes das vendas desses presentes.

Segundo a PF, até o momento, foram identificadas negociações de quatro conjuntos de joias e objetos de valor:

  • Conjunto de itens masculinos da marca Chopard, incluindo caneta, anel, abotoaduras, rosário árabe e relógio, presenteados pela Arábia Saudita em 2021;
  • Kit de joias com anel, caneta, abotoaduras, rosário e relógio da marca Rolex de ouro branco, dados a Bolsonaro pela Arábia Saudita em 2019;
  • Escultura de barco dourado e uma escultura de palmeira dourada, presentes do Bahrein a Bolsonaro em 2021;
  • Relógio da marca Patek Philippe, possivelmente recebido do Bahrein também em 2021.

A legislação estabelece que presentes recebidos pelo Presidente da República ou membros do governo durante compromissos oficiais devem ser registrados no acervo da Presidência como de interesse público e incorporados ao patrimônio cultural brasileiro. Itens consumíveis ou de uso personalíssimo são exceções a essa regra. Em março de 2023, o Tribunal de Contas da União reforçou que itens pessoais de alto valor deve ser registrados como patrimônio da Presidência.

A operação conduzida na sexta-feira foi batizada de “Lucas 12:2”, em alusão ao versículo da Bíblia que diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido“.

Com informações do UOL.


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Ricardo Krusty
Ricardo Krusty
Comunicador social com formação em jornalismo e radialismo, pós-graduado em cinema pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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