LGPD: o que todo empresário precisa saber para 2024?

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Proteção de Dados Pessoais - LGPD
Créditos: cristianstorto / Depositphotos

À medida que avançamos em 2024, é fundamental revisitar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e sua influência crescente nas operações empresariais no Brasil. Desde sua implementação em 2020, a LGPD tem sido um pilar na proteção de dados pessoais. No entanto, apesar dos esforços regulatórios, o Brasil continua enfrentando um alto volume de vazamentos de dados. De acordo com um relatório global da IBM, o Brasil é um dos países mais afetados por esses incidentes ocupando o quarto lugar em número de vazamento de dados, evidenciando uma lacuna crítica entre a legislação e a prática.

Em 2023, a LGPD transcendeu seu papel inicial como um mero requisito de conformidade, tornando-se um elemento crucial de competitividade no mercado. Empresas sem um programa robusto de gestão de privacidade de dados são vistas como menos atraentes ou mesmo inaptas para negócios, especialmente em setores que exigem alto grau de confidencialidade e segurança de dados. Assim, a implementação e manutenção de um programa de privacidade, sob a supervisão de um Data Protection Officer (DPO), não são apenas obrigatórias, mas também fundamentais para a sobrevivência e o sucesso no mercado.

Um aspecto vital da LGPD é a transparência no tratamento de dados dos titulares de dados. As empresas devem informar os consumidores sobre o uso de seus dados de maneira clara e acessível. Isso inclui explicar a finalidade da coleta de dados, o fluxo de dados dentro da organização e obter consentimento explícito para seu uso. Essa transparência não é apenas uma obrigação legal, mas também constrói confiança e fortalece a relação com os clientes.

É necessário ressaltar a crescente responsabilização das empresas pelo uso indevido de dados. Todo fluxo de dados dentro da empresa deve ser mapeado, ou seja, deve-se entender o caminho que os dados pessoais percorrem dentro da empresa, garantindo uma compreensão completa das bases legais para o uso devido desses dados e como são armazenados, processados e transmitidos.

É fundamental implementar mecanismos de controle e adotar uma política de gestão de segurança para o uso de todos os dados dentro da empresa. Esse conjunto de medidas de proteção e regulamentos é conhecido como Compliance de Proteção de Dados, ou Governança em Privacidade, conforme definido pela lei.

A falha em aderir a esses padrões não apenas expõe as empresas a riscos significativos de vazamento de dados, mas também às rigorosas penalidades impostas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). A ANPD, junto com outras entidades reguladoras como o Procon, está cada vez mais ativa na fiscalização e na recepção de denúncias de violações de privacidade, onde qualquer irregularidade no uso dos dados pelas empresas será investigada.

Dado esse cenário, nossas recomendações para as empresas em 2024 são claras: utilize os primeiros meses deste ano para revisar e aprimorar seus programas de proteção de dados. Invista em treinamentos contínuos para sua equipe, reforçando a importância da cultura de proteção de dados. Este é um investimento não apenas na conformidade legal, mas também na construção de um diferencial competitivo sólido no mercado contemporâneo, onde a segurança e a privacidade dos dados são altamente valorizadas.

Ao abraçar proativamente essas práticas, as empresas não apenas evitam riscos legais e financeiros, mas também se posicionam como líderes responsáveis e confiáveis na era digital. A LGPD é mais do que uma legislação; é um caminho para um futuro mais seguro e confiável para empresas e consumidores.


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