Decreto que regulamentou a lei de migração não foi bem discutido, dizem advogados

Data:

Apesar de Lei de Imigração evoluir em relação ao Estatuto de Estrangeiro, regulamentação não foi feita da maneira adequada

Decreto que regulamentou a lei de migração não foi bem discutido, dizem advogados | Juristas
Da esq p/ dir: Ana Cláudia Ruy Cardia, cônsul do Equador, Marcos Larrea , e João Freitas de Castro Chaves, defensor público da União.
Créditos: Juristas

A nova Lei de Imigração evoluiu em muitos pontos quando comparada ao Estatuto de Estrangeiro, norma editada na Era Vargas que regulamentou a chegada de estrangeiros até 2017, porém, o decreto que regulamentou o texto não foi devidamente discutido antes de sua edição.

A opinião é dos advogados Ana Cláudia Ruy Cardia, professora de Direito Internacional Privado no Mackenzie, e João Freitas de Castro Chaves, Defensor Público da União. Ambos palestraram na Conferência sobre as Condições Migratórias no Brasil organizada pelo Grulac (Grupo de Cônsules Latino Americano e Caribe).

O evento, que ocorreu no Consulado do Peru, em São Paulo, também contou com as participações dos cônsules do Equador, Marcos Larrea; da Bolívia, Jorge Ledezma; e do cônsul-adjunto peruano, Carlos Ortiz. Segundo Cardia, a Lei de Imigração foi editada com o intuito de apagar os medos do comunismo influenciaram a redação do Estatuto do Estrangeiro.

À época, diz a o professora, o imigrante era considerado uma ameaça. Mas o decreto, que apresentou 19 vetos à norma, “não foi tão feliz quanto a norma”.

Decreto que regulamentou a lei de migração não foi bem discutido, dizem advogados | Juristas
Cônsules do Equador, Marcos Larrea, e da Bolívia, Jorge Ledezma.
Créditos: Juristas

Chaves critica que não houve processo de discussão durante a formulação do decreto e destaca que o governo federal sequer compareceu à audiência pública promovida aqui na capital.

Ele afirma que, também por conta disso, ocorreram omissões normativas que excluem casos, por exemplo, de vítimas de trabalho escravo, sobre proteção à infância e aos indígenas migrantes, além da migração laboral de baixo perfil.

Apesar das omissões, o defensor público da União, afirma que a Justiça tem concedido autorização de residência a beneficiários do Mercosul se essas pessoas estiverem acompanhados de menores, mesmo quando não estão com o outro genitor do menor.

Por outro lado, ele conta que a Justiça acaba dificultando a saída de imigrantes que cometeram crimes no Brasil. Ele explica que alguns juízos de execução penal não concedem a expulsão desse estrangeiro após ele ter direito ao regime aberto alegando que é interesse do Brasil o cumprimento da pena. A motivação, continua, seria não estimular a impunidade.

Juristas
Juristashttp://juristas.com.br
O Portal Juristas nasceu com o objetivo de integrar uma comunidade jurídica onde os internautas possam compartilhar suas informações, ideias e delegar cada vez mais seu aprendizado em nosso Portal.

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Estado de São Paulo é condenado a indenizar aluno vítima de discriminação racial por professor

A 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou, com ajustes, sentença da 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos que condenou o Estado de São Paulo ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil a aluno da rede pública estadual vítima de discriminação racial praticada por professor em sala de aula.

TJSP mantém condenação de homem que forneceu máquina de cartão usada em extorsão durante sequestro relâmpago

A 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve, por unanimidade, a condenação de um homem por extorsão mediante sequestro. A pena, fixada pela 5ª Vara Criminal de São José dos Campos, foi de oito anos de reclusão em regime inicial fechado.

TJSP nega indenização a convidada que presenciou tumulto em festa de casamento

A 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve sentença da 2ª Vara Cível da Comarca de Itu, que indeferiu pedido de indenização por danos morais ajuizado por mulher que presenciou confusão e agressões físicas durante uma festa de casamento. A decisão foi unânime.

TJSP mantém condenação de mulher que tentou ingressar com celular em presídio

A 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve a condenação de uma mulher que tentou entrar com um celular escondido em um estabelecimento prisional para entregá-lo ao companheiro. A decisão foi proferida pela Comarca de Junqueirópolis.