O advogado e conselheiro da Seccional do Distrito Federal da OAB, Nauê Bernardo relatou, na terça-feira 29, em seu perfil no Twitter, ter confundido com um motorista, por um segurança do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação é do UOL.
O episódio ocorreu depois de o advogado ter chegado no STF no próprio carro, junto a outros três advogados. Segundo Nauê, o segurança do prédio teria o orientado a sair do local após o desembarque dos outros três advogados brancos que estavam no veículo, um Honda HRV. Na postagem o advogado disse: “Chegar no Supremo de carro bom e ser confundido com motorista: check. Para a galera branca do ‘meu avô é negro’: bora trocar de pele um dia só. Eu vou me vingar disso destruindo na sustentação oral, é meu compromisso”.
Ao UOL o advogado disse que não culpa o segurança do STF pelo ocorrido. “A gente tem que educar as pessoas, reconhecer o problema e enfrentar”. Para Nauê, a punição de casos isolados de microagressão não resolve a questão do racismo no Brasil, que é estrutural. “O indivíduo não me interessa muito nesse tipo de coisa. Aposto que na cabeça do segurança, ele pensou que estava sendo gentil”, disse.
“A única coisa que eu quero é que as pessoas não individualizem o problema. O segurança não fez o que fez querendo me diminuir. Foi inconsciente… Uma negação de que uma pessoa como eu poderia ser advogado na mais alta corte do país”, disse o conselheiro da OAB-DF.
O Supremo informou ao portal de notícias que apura mais informações sobre o caso e que todas as abordagens são previstas em manuais de orientação e referência. “O STF rechaça qualquer tipo de tratamento desrespeitoso ou preconceituoso, e está sempre atento para melhoria de suas práticas internas”, frisou.
Sobre o episódio, classificado como microagressão, o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-DF, Beethoven Andrade, disse que é importante tirar como lição a necessidade de olharmos com mais atenção aos casos de racismo, sobretudo nesses casos em que o comportamento aparenta algo corriqueiro. “Somente conhece a dor do racismo, da discriminação e do preconceito quem passar por situações como a sofrida pelo Nauê, e por tantos outros advogados e advogadas negras no seu dia a dia”, frisou.
Microagressões
O preconceito racial pode aparecer de maneiras diferentes: desde atitudes excludentes até as microagressões —caracterizadas como ofensas que são ditas em tom de brincadeira (como se fossem apenas uma piada) ou manifestadas de forma orgânica, por meio de orientações, comentários e abordagens que são proferidos sem que o interlocutor tenha plena consciência do teor agressivo ou viés racial de sua mensagem.
Com informações do UOL.
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