Computador pessoal do colaborador- cuidado

Data:

Computador pessoal do colaborador- cuidado | Juristas
Rodrigo Carvalho de Santana Pinho. Sócio na RR Advocacia & Consultoria.

Em recente decisão, o Tribunal Superior do Trabalho- TST julgou um caso que envolvia a discussão sobre o procedimento de backup, condenando uma empresa por violar a privacidade e intimidade do seu colaborador, com destaque para os danos morais em R$ 40.000,00.

É um tema bem interessante, pois envolve violação da privacidade e proteção de dados pessoais dos colaboradores.

Fatos

Apesar de haver a disponibilidade de computadores da empresa para o trabalho do colaborador, existia uma tolerância para o uso do computador pessoal do empregado para realização de tarefas profissionais.

Naturalmente, por ali ter materiais de conteúdo de propriedade da empregadora, esta realizava backup dos documentos existentes no notebook pessoal do colaborador, não somente os que lhes diziam respeito, mas também os pessoais que ali estavam.

Pontos interessantes

Foi reconhecido que a empresa teria direito de realizar o backup no notebook do seu empregado, mas não deveria fazer na integralidade, alcançando arquivos estritamente pessoais. Se tivesse conseguido comprovar que seria impossível realizar backup parcial, teria conseguido afastar sua responsabilidade por violar a privacidade e intimidade do seu colaborador.

Foi reconhecido que o empregado também teve culpa na realização do backup total ao deixar de proteger sua própria privacidade quando usou o computador pessoal para o trabalho, em função de sua própria conveniência, bem como, ao resistir indevidamente à realização do procedimento de backup, o que obrigou a sua empregadora a se valer de uma ação enérgica, a qual seria desnecessária, caso o colaborador assim não tivesse agido.

Lições

Desse modo, percebe-se a importância de uma política empresarial para definir situações de uso de equipamento pessoal de colaborador para o trabalho. Dentro dessa política, como é importante ter recursos tecnológicos que sejam capazes de garantir o trânsito e segregação dos arquivos e dados pessoais e informações profissionais da empresa. De qualquer modo, é importante destacar que a empresa poderá monitorar atividades dos colaboradores, desde que eles sejam informados com transparência sobre a forma como o monitoramento ocorrerá.

Diante de toda proteção constitucional e da LGPD sobre os dados pessoais, houve alteração como as empresas devem manusear os dados pessoais, e devem reformular ou formular processos e procedimentos de acordos com as regras da LGPD.


Você sabia que o Portal Juristas está no FacebookTwitterInstagramTelegramWhatsAppGoogle News e Linkedin? Siga-nos!

Rodrigo Carvalho de Santana Pinho
Rodrigo Carvalho de Santana Pinho
Advogado na RR Advocacia & Consultoria, pós-graduado em Direito Digital e Proteção de Dados pelo IDP, compliance em Proteção de Dados pela LEC/FGV e MBA em Gestão e Planejamento Tributário pela UNI7.

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Direitos do Passageiro: Saiba Seus Direitos em Viagens

Conheça seus direitos do passageiro em viagens aéreas, terrestres e marítimas. Saiba como resolver problemas com bagagens, atrasos e cancelamentos de forma prática

Reembolso de Passagens Aéreas: Prazos e Procedimentos Garantidos pela Lei

O reembolso de passagens aéreas é um direito garantido aos passageiros em diversas situações, como cancelamento de voos, desistência de viagem ou alterações na programação. No Brasil, as normas que regulam esse direito estão previstas na Resolução nº 400 da ANAC e no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Este artigo aborda as principais situações em que o passageiro pode solicitar o reembolso, os prazos estabelecidos pela legislação e os procedimentos necessários para garantir esse direito.

Danos Morais por Cancelamento de Voo em Cima da Hora: Direitos do Passageiro

O cancelamento de um voo em cima da hora é uma das situações mais frustrantes que um passageiro pode enfrentar. Além dos transtornos práticos, como perda de compromissos e gastos inesperados, o passageiro pode sofrer danos emocionais que configuram o chamado dano moral. Este artigo aborda os direitos dos passageiros em casos de cancelamento de voo de última hora, explicando quando é possível exigir indenização por danos morais, o que diz a legislação brasileira e como proceder para garantir seus direitos.

Overbooking: Direitos do Passageiro em Casos de Recusa de Embarque

O overbooking, prática em que as companhias aéreas vendem mais passagens do que o número de assentos disponíveis no avião, é uma estratégia comum no setor de aviação para evitar prejuízos decorrentes de no-show (passageiros que não comparecem ao voo).