Filha busca a Justiça para ser adotada pelo pai biológico

Data:

Vínculo entre pai biológico e filha foi rompido quando a demandante da ação judicial, depois de atingir a maioridade, foi adotada pelo padrasto

Pai biológico - Filha - Adoção
Créditos: djedzura / iStock

Uma jovem e seu pai biológico procuraram a Justiça para revogar a adoção deferida anos antes ao padrasto da parte autora da demanda judicial. De acordo com os autos, quando criança, a filha vivenciou o término do casamento de seus pais. Naquele momento, o pai biológico se afastou da família, deixando de prestar assistência aos filhos.

Mais tarde, a genitora da criança se casou novamente e a demandante criou um vínculo afetivo com o padrasto, que acompanhou seu desenvolvimento e proveu assistência aos filhos da então esposa.

Ao atingir a maioridade, a jovem buscou o consentimento do pai biológico para ser adotada pelo padrasto. Seguindo os trâmites legais, o vínculo com o genitor foi rompido e o padrasto adotou a jovem. No entanto, anos depois, o casamento da mãe com o pai adotivo da demandante da ação judicial terminou, o que o distanciou da adotada.

Reaproximação com o pai biológico e arrependimento

Diante disso tudo, o pai biológico, arrependido por ter autorizado a adoção da própria filha, se reaproximou da jovem que não desejava manter uma ligação meramente formal com o pai adotivo. O elo entre o padrasto e a adotada existia somente em documentos civis e não era vivenciado de maneira efetiva. Desta forma, o pai biológico e a jovem buscaram a Justiça para revogar a adoção deferida anteriormente e restabelecer o vínculo jurídico entre o pai biológico e a filha.

Em primeira instância, o pedido não foi acatado: “Ainda que os requerentes tenham se reaproximado e reatado os laços de afeto e convivência, não é possível desfazer-se a adoção para que a requerente seja adotada pelo pai biológico”. A decisão de primeiro grau se baseou na impossibilidade jurídica do pedido (considerando a adoção um ato irrevogável) e na proibição legal da adoção por ascendente. Os autores do processo recorreram ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) em busca da concessão do pedido.

Inaplicabilidade do ECA e afetividade

Ao verificar o caso, a Décima Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), por unanimidade, concedeu a adoção pleiteada pela jovem e por seu pai biológico. “Um dos grandes pilares do direito de família atual é a afetividade, que deve ser considerada de modo especial pelo Judiciário nos casos que trate de conflitos envolvendo tal matéria, flexibilizando as normas, deixando de ser aplicada a letra fria da lei”, destacou o acórdão.

A decisão de Segundo Grau destacou que a proibição prevista no artigo 42, parágrafo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) apenas se aplica à adoção de menores de idade, afastando-se do caso em questão, pois a adotanda era maior de 18 anos. Diz o ECA: “Art. 42, § 1º - Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando”.

O acórdão reforçou “que houve expressa concordância de todos os envolvidos, pai adotivo, pai biológico, genitora e filha e que foram juntadas todas as certidões negativas hábeis a demonstrar que a alteração pleiteada não acarreta nenhum prejuízo a terceiros e que a única intenção dos autores é o restabelecimento do vínculo civil, formalizando assim, a retomada dos laços familiares”.

(Com informações do Tribunal de Justiça do Paraná - TJPR)

Juristas
Juristashttp://juristas.com.br
O Portal Juristas nasceu com o objetivo de integrar uma comunidade jurídica onde os internautas possam compartilhar suas informações, ideias e delegar cada vez mais seu aprendizado em nosso Portal.

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Pleno do TJPB elege Aluízio Bezerra Filho como novo desembargador pelo critério de merecimento

O Pleno do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), em sessão administrativa realizada nesta segunda-feira (29), escolheu o juiz Aluízio Bezerra Filho como novo desembargador, preenchendo a vaga deixada pelo desembargador Marcos William de Oliveira, que se aposentou no último ano. A eleição ocorreu por mérito.

Inscrição indevida no CADIN gera indenização

Introdução O CADIN, Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do...

Simplificando o Processo de Cidadania Portuguesa: Serviços Profissionais de Pesquisa de Documentação

Se você está considerando iniciar o processo de obtenção da cidadania portuguesa, seja por descendência, casamento ou qualquer outro motivo, uma das etapas fundamentais é reunir toda a documentação necessária. No entanto, essa tarefa pode ser complexa e demorada, especialmente se você não estiver familiarizado com os requisitos específicos ou não tiver acesso fácil aos documentos exigidos.

Entenda os pré-requisitos para a cidadania portuguesa por matrimônio

Entenda os pré-requisitos para a cidadania portuguesa por matrimônio Para...