Tribunal mantém condenação de morador de Santa Catarina por ofensa racista no Facebook

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A Quinta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) manteve condenação imposta a um homem pelo crime de injúria racial. No mês de outubro do ano de 2016, na cidade de Florianópolis em Santa Catarina (SC), o réu ofendeu a dignidade da vítima com termo racista por meio de uma rede social.

A vítima conta o que aconteceu: “Nunca vi pessoalmente o réu, nunca tinha falado com ele. Fiz um comentário de uma postagem no Facebook (em uma página que não era minha, nem dele) e ele me mandou uma mensagem no chat, já proferindo essas ofensas.”

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ofertou denúncia em desfavor do denunciado, imputando-lhe a prática do crime previsto no artigo 140, § 3º, do Código Penal (SP). Ao decidir, o juiz direito condenou o denunciado a 1 (um) ano de reclusão, em regime aberto, e substituiu a reprimenda corporal por pena pecuniária em favor da vítima.

Irresignado, o réu interpôs recurso de apelação criminal, sob a alegação de que as ofensas foram proferidas em momento de descontrole emocional e tão somente em resposta a suposta injúria praticada pela vítima.

No entanto, segundo o relator, desembargador Antônio Zoldan da Veiga, a materialidade e a autoria do crime são incontestes e estão demonstradas pela notícia do fato, pela captura de tela da conversa entre os envolvidos e pela prova oral produzida. O magistrado destacou que o dolo do acusado foi confirmado pelos depoimentos colhidos em ambas as fases processuais.

“Ele reconheceu”, escreveu o relator, desembargador Antônio Zoldan da Veiga, em seu voto, “que foi infeliz em usar tal palavra, o que demonstra que ele teve a intenção de injuriar a vítima com o termo racista. Por outro, não comprovou descontrole emocional tamanho que pudesse induzir a conclusão de que não houve dolo”.

Desta forma, o desembargador Antônio Zoldan da Veiga manteve inalterada a decisão de primeira instância e seu entendimento foi seguido, por unanimidade, pelos demais integrantes da Quinta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).

Recurso de Apelação Criminal n. 0011821-25.2019.8.24.0023 - Acórdão

(Com informações do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina - TJSC)

EMENTA

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE INJÚRIA RACIAL (CP, ART. 140, § 3º). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA.
PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE DOLO OU POR DÚVIDAS QUANTO À OCORRÊNCIA DE LEGÍTIMA DEFESA. AVENTADO DESCONTROLE EMOCIONAL, BEM COMO QUE O RÉU TERIA SE DEFENDIDO DE OFENSAS PROFERIDAS PELA VÍTIMA. DESCABIMENTO. ACUSADO QUE, ATRAVÉS DE CONVERSA EM REDE SOCIAL, PRATICOU O CRIME. CONDUTA COMPROVADA PELA CONFISSÃO DO ACUSADO, PELAS PALAVRAS DA VÍTIMA E PELA CAPTURA DE TELA DA CONVERSA EM QUESTÃO. RÉU QUE ADMITIU QUE AGIU MAL EM PROFERIR A OFENSA. DOLO ESPECÍFICO EVIDENCIADO. AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO AO DESCONTROLE EMOCIONAL E À PRÁTICA DE INJÚRIA PELA OFENDIDA. ADEMAIS, EVENTUAL PERPETRAÇÃO DE OFENSAS PELA VÍTIMA QUE NÃO JUSTIFICARIA O DESPROPORCIONAL USO DE TERMOS RACISTAS PELO RÉU. LEGÍTIMA DEFESA NÃO CARACTERIZADA (CP, ART. 25). MATERIALIDADE, AUTORIA E DOLO INDUBITÁVEIS. CONDENAÇÃO MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação Criminal n. 0011821-25.2019.8.24.0023, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Antônio Zoldan da Veiga, Quinta Câmara Criminal, j. 20-10-2022).

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Justiça profere decisão após julgamento de recursos sobre desastre da Samarco...

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O juiz federal substituto Michael Procópio Avelar da 12ª Vara Federal Cível e Agrária da Subseção Judiciária de Minas Gerais em Belo Horizonte proferiu uma decisão em que foram julgados embargos de declaração, petições e questões pendentes relacionadas ao “Caso Samarco”, ocorrido em novembro de 2015. Compondo o chamado “Eixo 7” do processo judicial ainda em curso, foram apreciados recursos de instituições de justiça, das comissões de atingidos e da Fundação Renova, entidade criada em razão da celebração do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta(TTAC ) assinado pela empresa Samarco e suas controladoras Vale e BHP Billiton.