Legal design: veja quais são os novos recursos para inovar em serviços jurídicos

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Legal Design - Advocacia
Créditos: fancycrave1 / Pixabay

Não é apenas no mercado jurídico brasileiro que os impactos da tecnologia vêm promovendo grandes transformações. Em inúmeros países, advogados estão repensando sua forma de trabalhar e, principalmente, interagir com o cliente. Afinal, não é somente o modus operandi dos escritórios de advocacia que vem mudando. Hoje, clientes buscam um outro tipo de relacionamento e entrega de serviços jurídicos.

Pensando em novas realidades e necessidades do mercado, diferentes universidades do mundo estão com projetos de laboratórios jurídicos com foco em inovação. Muitos deles têm como finalidade unir a abordagem do design thinking ao Direito para criar soluções a partir de necessidades reais tanto na advocacia quanto no judiciário. A Universidade de Stanford foi pioneira ao criar o primeiro laboratório, mas outras instituições como Yale (EUA), Katholieke Universiteit Leuven (Bélgica), Northeastern University School of Law (EUA) e até a USP (Brasil) já contam com iniciativas semelhantes.

Para entender mais sobre o trabalho desses laboratórios e o como o Legal Design vem se transformando em um caminho para a inovação no mercado jurídico, não deixe de conferir!

Legal Design Lab e design thinking

O Legal Design Lab, da Universidade de Stanford, foi uma iniciativa que surgiu em 2013, reunindo não apenas estudantes, professores e profissionais da área jurídica, como também designers, programadores e profissionais da área de tecnologia. O objetivo desse projeto era fomentar pesquisa, educação e treinamento visando a criação de novos produtos e serviços baseados em necessidades e problemas identificados no mercado jurídico. Atualmente, o laboratório conta com diferentes frentes de trabalho visando criar soluções. São elas: inovação na Justiça, uso da internet para melhores serviços jurídicos, comunicação jurídica e novos modelos para organizações jurídicas.

Todos os trabalhos do laboratório utilizam a abordagem do design thinking para criar soluções. O design thinking, que é bastante conhecido por empreendedores, busca formas colaborativas e coletivas de criar soluções, sempre com foco máximo nos interessados, que podem ou não ser consumidores. A ideia é criar formas de agilizar a trazer mais transparência e praticidade não apenas na advocacia, mas também no acesso ao Judiciário.

Embora o trabalho do laboratório seja focado no mercado americano, nada impede que ele seja utilizado como modelo para outros mercados. Até porque a abordagem do design thinking pode ser aplicada a diferentes contextos, desde que exista um problema ou uma necessidade. Pensar nas demandas, bem como, na motivação dos interessados, abre um grande espaço para a inovação. Não por outra razão, a aplicação do design thinking ao mercado jurídico, ou legal design como é chamado, vem sendo uma ferramenta bastante interessante para atender a atual realidade do advogado. Afinal, ele pode ser uma boa ferramenta para promover melhorias na prestação de serviços jurídicos e também no acesso à Justiça.  

O laboratório possui diferentes projetos e têm abertura para o intercâmbio e compartilhamento de informações com instituições do mundo todo.

Design thinking como abordagem

O design thinking é uma abordagem bastante humana que não se baseia em fórmulas. Seu objetivo é mapear a experiência, a visão e os recursos que são utilizados pelos usuários com o objetivo de identificar dificuldades e problemas. O design thinking sempre busca criar soluções e melhorias focadas em necessidades reais e adversidades existentes.

Embora não se trate de uma metodologia propriamente, mas sim de uma abordagem, o design thinking conta com um processo dividido em fases. A ideia de não associar o conceito do design thinking ao de uma metodologia, decorre do fato de que nessa abordagem não se espera nenhuma fórmula para se chegar a um determinado resultado, ainda que existam fases pré definidas.

Cada uma das fases do processo visa identificar problemas, barreiras ou questões decorrentes do uso de um produto ou serviço. O principal objetivo do design thinking não é apenas encontrar falhas, mas aspectos que podem ser aprimorados. O contexto de inovação, portanto, está relacionado prioritariamente ao aprimoramento e não apenas à correção de falhas.

A união do design thinking com o Direito pode promover diferentes possibilidades. Entre elas vale destacar a definição de informações mais significativas, melhoria de serviços e relações com clientes, desenvolvimento de ideias em novos produtos e serviços, construção de novas culturas organizacionais com foco em inovação dentro de escritórios e outras organizações jurídicas.

Inovação como tendência no ensino jurídico

Como falamos, a Universidade de Stanford foi pioneira mas, atualmente, não é o único centro que se dedica a criar soluções inovadoras para o mercado jurídico. 

A Yale Law School criou um projeto chamado de “Visual Law Project” que incentiva estudantes a usarem elementos visuais para construir uma nova educação jurídica. O material serve tanto para educar clientes, como pessoas comuns para que tenham mais compreensão sobre o acesso à Justiça. Outro projeto semelhante está em andamento na Bélgica, na Katholieke Universiteit Leuven, que visa também inserir os elementos visuais não apenas na educação, como também em documentos jurídicos. 

O Nu Law Lab, por sua vez, ligado a Northeastern University School of Law (EUA), também usa o legal design para aprimorar a prestação de serviços jurídicos, bem como, pensar novas funções e profissões que podem surgir no mercado diante dessa nova realidade. Por fim, a USP também já conta com um laboratório de design jurídico cujo foco é criar soluções para aprimorar o acesso à Justiça. Atualmente, um dos principais focos do laboratório é a violência contra mulheres negras. O objetivo dos estudantes é compreender os problemas envolvidos dentro dessa temática, para então, criar projetos que possam simplificar o acesso à justiça para esses grupos vulneráveis.

Inovação no Brasil: um novo caminho para a advocacia do futuro

Processo eletrônico, Jurimetria, inteligência artificial, big data. Nos últimos anos, o mercado jurídico brasileiro vem experimentando uma série de recursos que oferecem mais agilidade e prometem melhorar a qualidade dos serviços jurídicos. Da mesma maneira, os escritórios vêm transformando sua cultura, construindo estruturas focadas totalmente no cliente e não mais no advogado ou na técnica jurídica. Esse novo momento da advocacia pede proatividade dos profissionais e uma visão mais estratégica do mercado e por isso o Legal Design encontra um campo fértil para a sua aplicação.

Hoje escritórios de ponta e advogados que se destacam no meio jurídico não contam apenas com uma boa técnica. Esses profissionais estão igualmente focados em compreender o mercado e inovar. 

Embora o mercado jurídico tenha como marca o tradicionalismo, muitos profissionais estão dispostos a rever o modus operandi do próprio escritório e buscar soluções. Na medida em que a concorrência do mercado vem crescendo, a necessidade de se adaptar e inovar tornou-se urgente e a utilização do Legal Design pode ser um caminho para muitos advogados e bancas de diferentes nichos ou portes para se reinventarem.

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*Artigo escrito em coautoria com Helga Lutzoff Bevilacqua

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