Anúncios pagos na advocacia: quando vale a pena investir?

Data:

Anúncios na Advocacia
Créditos: Lisa Fotios / Pexels

Investir em anúncios pagos na advocacia é uma boa estratégia para promover seu escritório de advocacia? Atualmente, a internet oferece diversos recursos para a promoção de serviços jurídicos. No entanto, quando se trata da publicidade paga, muitos advogados ainda têm dúvidas e algum receio em adotar esse tipo de divulgação.

Embora os anúncios pagos na advocacia sejam uma forma eficaz de promover seu escritório, ainda faltam diretrizes claras acerca dos limites éticos da publicidade online.

Para quem pretende utilizar anúncios pagos como parte da sua estratégia de marketing jurídico, preparamos um artigo completo! Saiba mais sobre usar esse recurso sem esbarrar nas questões éticas, como os Tribunais de Ética das Seccionais estão se manifestando sobre o tema e quais estratégias adotar na hora de investir em anúncios pagos na advocacia.

Como funcionam os anúncios pagos na advocacia

Os anúncios pagos são do que serviços oferecidos pelas empresas (Google, Facebook, LinkedIn, etc.) com a finalidade de direcionar tráfego segmentado para um determinado site ou campanha.

Embora todas as empresas ofereçam esse tipo de recurso, a dinâmica dos anúncios pagos nas redes sociais é bem diferente do Google Ads. Enquanto nas redes sociais, o advogado pode impulsionar um determinado post que ganhará destaque na timeline de usuários com um perfil específico, no Google Ads os anúncios são direcionados, conforme as perguntas e/ou palavras-chave lançadas nos mecanismos de busca.

No sistema do Google Ads, os anúncios ganham destaque de diferentes maneiras, conforme o planejamento da campanha. Assim, em alguns casos, eles podem aparecer na rede de display do Google, que é composta por sites monetizados. Porém, de modo geral, os anúncios pagos ganham destaque nas páginas de busca.

Para o advogado, os anúncios pagos representam uma série de vantagens. Afinal, eles possibilitam que pessoas que estão buscando por serviços jurídicos, ou ainda, possuam o perfil de um potencial cliente, encontrem facilmente seu escritório.

O uso de anúncios pagos na advocacia não é uma prática vedada. Porém, é preciso ter alguns cuidados durante o planejamento da campanha para evitar que ela se pareça com uma propaganda, ou ainda, uma maneira de captação de clientela.

Limites éticos para o uso de anúncios pagos na advocacia

Como explicamos, o uso de anúncios pagos na advocacia não é uma prática vedada. Todo advogado pode usar desse recurso em sua estratégia de marketing jurídico, desde que não esbarre nas diretrizes do Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O Provimento 94/2000 da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estabelece que é permitida a publicidade informativa na advocacia. Mas, o advogado deve se limitar a divulgar dados objetivos e verdadeiros a respeito dos serviços que se propõe a prestar. Adicionalmente, o novo Código de Ética, instituído pela Resolução 02/15, reforça o caráter informativo de toda e qualquer forma de divulgação na advocacia. De acordo com as suas diretrizes, nenhum anúncio deve ter como finalidade a captação de clientela, ou ainda, ferir a discrição e sobriedade da profissão.

Ao usar o recurso dos anúncios pagos na advocacia, o profissional deve ter em mente que o conteúdo do anúncio deve ter sempre a finalidade de informar. Assim, o ideal é que o anúncio esclareça algum aspecto da legislação ou da jurisprudência, alguma alteração da legislação, ou alguma dúvida relacionada a ela. Anúncios que promovem o escritório, destacam os valores dos honorários, vinculam serviços jurídicos a qualquer outro tipo de serviço, ou caracterizem qualquer forma de prospecção, podem gerar sanções da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Posicionamento dos Tribunais de Ética

Apesar dos limites éticos parecerem claros com a leitura das normas, na prática, o uso da publicidade nos meios online gera inúmeras dúvidas. E isso se agrava com o surgimento de novas ferramentas, que oferecem funcionalidades que podem vir de encontro aos preceitos do Código de Ética. Um dos exemplos que ilustra bem tal situação é o recente entendimento do TED de Minas Gerais, que considerou a rede social Tik Tok inadequada para advogados. Segundo o TED o uso dessa rede fere a discrição que deve ser intrínseca ao profissional.

Quando se trata de anúncios pagos, as incertezas quanto ao seu uso também são grandes. Por isso, alguns dos Tribunais de Ética (TED) das seccionais passaram a se manifestar sobre o tema. Para o TED da Bahia, o uso de anúncios pagos na advocacia é possível. No entanto, eles não podem estar vinculado a vídeos, aplicativos ou gráficos, nem serem divulgados para potenciais clientes que não buscavam esse serviço. Para o TED de Goiás, o entendimento segue na mesma linha, com o adicional de que serviços que sejam oferecidos ostensivamente também ferem as diretrizes éticas da profissão.

Em alguns casos, o Poder Judiciário chegou a se manifestar. Em Brasília, um advogado teve um mandado de segurança negado quando questionou a posição do TED daquela seccional. Para o TED de Brasília, o uso de anúncios pagos cria uma espécie de concorrência desleal entre os profissionais e fere o princípio da não mercantilização da advocacia.

Anúncios pagos na advocacia: como criar uma boa campanha

O advogado pode usar de anúncios pagos na advocacia, desde que tenha o devido cuidado para que o seu conteúdo não se pareça com a captação de clientela. Hoje já existem profissionais especializados que cuidam de anúncios pagos na advocacia. Porém, nada impede que o advogado contate diretamente com as empresas, como Google ou Facebook, para montar sua própria campanha.

Quando se trata de impulsionar posts nas redes sociais, o advogado deve ter o cuidado de pesquisar muito bem a sua audiência, para que os anúncios sejam direcionados para o público certo. Já no caso do Google, é importante buscar por boas palavras-chave e elaborar uma chamada cujo clique se torne irresistível, sem que isso vá de encontro ao Código de Ética. Uma boa dica aqui é focar nas necessidades do seu potencial cliente e nos pontos em que ele realmente necessita de suporte jurídico.

A elaboração de anúncios pagos na advocacia de fato é uma tarefa estratégica. Cada palavra deve ser muito bem pensada, para que o conteúdo seja atrelado à informação e não à captação de clientes.

Com o aumento da concorrência na advocacia também no meio online, as alternativas de divulgação por meio do tráfego orgânico estão escassas. Por isso, dependendo do ramo de atuação e do objetivo do advogado, investir em anúncios pagos na advocacia pode sim ser uma boa estratégia e com excelentes resultados. O segredo é planejar bem a campanha e pesquisar as informações que seu público necessita, para tirar o melhor proveito desse recurso.

Você investe em anúncios pagos na advocacia? Como vê o uso desse recurso para o advogado digital? Para ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo jurídico, siga o Portal Juristas no: Facebook, Twitter, Instagram e LinkedIn.

*Artigo escrito em co-autoria com Helga Lutzoff Bevilacqua.

Anúncios na Advocacia
Créditos: Joseph Mucira / Pixabay

6 COMENTÁRIOS

  1. […] O LinkedIn ainda é uma ferramenta sub explorada por muitos advogados, mas que tem um enorme potencial tanto para a construção de uma marca pessoal na advocacia, quanto na divulgação do escritório. Enquanto muitos advogados estão brigando contra os algoritmos para ter destaque na internet, quem está usando o LinkedIn está obtendo mais resultados sem precisar investir em anúncios pagos na advocacia.  […]

Deixe um comentário

Compartilhe

Inscreva-se

Últimas

Recentes
Veja Mais

Concessionária de energia é condenada a indenizar usuária por interrupção no fornecimento

A 33ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação de uma concessionária de energia ao pagamento de R$ 10 mil por danos morais a uma usuária que ficou sem fornecimento de energia elétrica por quatro dias, após fortes chuvas na capital paulista em 2023. A decisão foi proferida pelo juiz Otávio Augusto de Oliveira Franco, da 2ª Vara Cível do Foro Regional de Vila Prudente.

Homem é condenado por incêndio que causou a morte do pai idoso

A 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a condenação de um homem pelo crime de incêndio que resultou na morte de seu pai idoso. A decisão, proferida pela Vara Única de Conchal, reduziu a pena para oito anos de reclusão, a ser cumprida em regime fechado.

Remuneração por combate a incêndio no Porto de Santos deve se limitar ao valor do bem salvo

A 9ª Vara Cível de Santos condenou uma empresa a pagar R$ 2,8 milhões a outra companhia pelos serviços de assistência prestados no combate a um incêndio em terminal localizado no Porto de Santos. O valor foi determinado com base no limite do bem efetivamente salvo durante a operação.

Casal é condenado por expor adolescente a perigo e mantê-lo em cárcere privado após cerimônia com chá de ayahuasca

A 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) confirmou a condenação de um casal pelos crimes de sequestro, cárcere privado e exposição ao perigo à saúde ou vida, cometidos contra um adolescente de 16 anos. A decisão, proferida pela juíza Naira Blanco Machado, da 4ª Vara Criminal de São José dos Campos, fixou as penas em dois anos e quatro meses de reclusão e três meses de detenção, substituídas por prestação de serviços à comunidade e pagamento de um salário mínimo.